domingo, 9 de outubro de 2011

Episódio 9 - Uma Pequena Surpresa...

Todos olham Will, antes tão sonolento, molenga e impossível de se acordar, agora de pé, em forma, com olhar inspirador, um meio sorriso e o peito inflado tomando o fôlego que indica sua sede de aventura.
                - Will?!?! Você finalmente acordou! – Gritou Lyza cortando a cara-de-pau de Will, indo na direção dele sorridente, porém é parada por Krurg,
                - Onde você estava andarilho? Queremos algumas respostas antes de prosseguir...
                - Como assim “Onde eu estava”? Eu estava aqui! Ah você deve estar falando da hibernação? Bem eu me encantei com o Hibertatius quando estava dentro da barraca... Não aconteceu nada mais do que eu ter dormido para curar o ferimento no braço, vejm – e arregaçou a manga esquerda mostrando a leve cicatriz...
                -Krurg, se ele for sonâmbulo, não vai saber, ou ao menos, nem contar, vamos “esquecer” isso desta vez ok? – Lyza cochichou para o trolóide que concordou com a cabeça e entonou:
                - Muito bem, andarilho; o sol ficará alto em breve e seria uma boa hora para partir, pra onde vamos agora? Já que é você que está “comandando” essa equipe...
                - Mekâniuns, a cidade das máquinas, fica perto daqui segundo o mapa, podemos encontrar algo que eu preciso por lá, além dar um geral nas armas nos muitos ferreiros que lá existem...
                Felícia cortou-o:
                ­- Olha gracinha, desculpa cortar seus planos, mas você vai gastar ao menos uns 3 dias só pra contornar a montanha veja...
                - Não, há uma trilha quase reta através dessa floresta.
                - Mas esta é a floresta da perdição! Nem nome foi dado à ela, nós de Urbenalis damos preferência dar a volta na montanha do que atravessar a floresta, é... perigoso!
                - Olha gatinha (sorriso sarcástico) 3 dias é muito tempo, um dia e meio deve ser o máximo que gastaríamos pela floresta, não há o que temer quando se tem coragem e uma boa equipe, certo pessoal?
                Lyza e Krurg gaguejaram, tossiram, disfarçam e meio relutantes concordaram com Will, dentre eles, Auros dá um passo a frente.
                - Eu irei com eles irmã, Urbenallis poderá se beneficiar se houver uma passagem segura até Mekânius...
                - Mas irmão... e quem vai comandar a guarda da cidade? Os acampamentos, as equipes internas...
                -Não há ninguém mais confiável do que alguém com o mesmo sangue que eu; cuide bem da cidade em minha ausência Felícia...
                Felícia deixou uma lágrima escorrer pelo rosto e abraçou fortemente o irmão, o momento era bem tocante, isso se não fosse por Krurg,
                - Tá bom, tá bom, vou ficar com diabetes nesse amor fraternal tão meloso, argh! Andarilho, pequena e bichano, arrumem as malas, vamos partir ao meio-dia!

                E como dito, ao meio dia eles partiram, encararam o sol forte até adentrar dentro da floresta, fria, húmida e escura. O crepitar das folhas e galhos ao chão a cada passo ecoava pelo silêncio do local, não é a toa que os boatos eram fortes, a floresta era mesmo horripilante, mas nada assustador para Will, Krurg e Auros,  enquanto Lyza, não desgrudava da capa de Will, sim, era hilário.
                A viagem seguia “normal” até que um som percorreu a floresta junto com o uivar do vento, era algo sombrio e infantil... “Hihihi...” chamou a atenção do grupo, que ao procurar a origem do som com os olhos, em vão. Contnuaram caminhando, e a floresta começava a se tornar mais densa. “Hihihihi...” soou novamente, mais forte, Lyza começou a entrar em pânico, auros ficou atento à retaguarda e Will sacou a espada...
                “Hihihi...” Era perturbador.
                Logo, a mata fechada acabou, e se depararam com algo que seria meigo, se não fosse ao meio daquele local. Uma garotinha, pequena e delicada, em frente a uma cabana, em uma pequena mesinha, tomava chá, com um pequeno urso de pelúcia do seu lado.
                -Hihi, vocês vieram brincar também?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

NOTA DO AUTOR

Olá pra todos vocês que são fãs de A História de Uma Lenda.
Bom, eu gostaria primeiramente de me desculpar pela estacionada que foi dada ao blog, as postagens e enfim, tudo...

veio por meio dessa postagem comunicar que em breve, AHDUL estará voltando à todo vapor nos trilhos de sua história, rodeada de mistérios, aventura, ação e magia,
Um forte abraço para vocês e até mais,

Wes

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Episódio 8 - Encontro, Sono e Indiferença.

            -Palpite? Como assim “palpite”? O que você está querendo dizer com isso Krurg??
            -Esquece... melhor eu verificar antes, vem!
            -Aonde você vai?
            -Não perco por nada a briga desses dois, venha Lyza!
            Tanto Krurg quanto Lyza saíram correndo na mesma direção pra onde correu o Frenético atrás da criatura que voou, enquanto isso, Felícia e Auros permaneceram no mesmo local. Crawler estava no mesmo local também, imóvel.
            -Auros, fala comigo Auros! Auros!
            -Aargh... Que pancada essa... – Auros foi lentamente voltando a forma humana e se levantando em seguida.
            -Você está bem? Consegue caminhar sozinho?
            -Consigo... – e mancando ele foi andando próximo ao corpo de Crawler caído ao chão.
            -Ele está... ?
            -Morto? Não... Mas foi desacordado... Pelo visto não é à toa que chamam aquilo de Frenético Rubro... ai....
            -E agora? Vocês vão continuar?
            -Não. Luto por vingança, mas acima de tudo pela honra do meu pai. Sendo assim, o pai nunca atacaria um homem desacordado, mesmo se tratando disto aqui... Além do mais, eu não estou em condições de luta agora também... Chame outros guerreiros dos acampamentos, mande-os levar ele para o outro lado do rio, eu tenho certeza que ele vai fugir quando acordar pela manhã, mas mesmo assim, não deixe abaixarem a guarda. Diga que a ordem foi MINHA e que é apenas isto, meu destino e o dele ainda se cruzarão por mais uma vez pelo jeito...

            Algumas horas depois, no acampamento de Auros e Felícia; ela está tratando os ferimentos dele quando chegam Lyza e Krurg.
-Olha só o que nós encontramos perdido do outro lado da floresta...
            Krurg dá um passo para o lado e revela quem ele estava puxando pelo braço; Will. Auros e Felícia olham para ele com certo espanto, principalmente porque ele dormia profundamente. Auros não se conteve e perguntou:
            -Onde ele estava? Seria de grande ajuda contra aquela cria de Quinquicipes, não seria?
            -O Achamos há cerca de uma hora, e por incrível que pareça... Ele ta dormindo desde àquela hora...
            -OO QUEEE??? – Cortou Felícia – MAS, MAS, E OS DOIS MONSTROS?? Ele não viu? Não viram ele? Hein??
            -Na minha hipótese, eu e Lyza acreditamos que ele tenha se escondido, agora sabe-se lá Deus por que ele dorme tanto, a gente tentou acordar, mas sem sucesso; eu tentei mas não encontrei nenhum rastro de como ele foi parar lá, pois tava bem no meio do caminho por onde o Frenético passou, eu vi as pegadas, porém as do Will... Vinham no sentido oposto e não tinham continuação, ou seja, ele devo ter visto a batalha de outro ângulo que não foi nosso e depois tentou rumar de novo para a cidade seguindo as pegadas do monstro...
            A reflexão foi cortada pela pergunta ansiosa de Auros;
            -E a luta dos dois? Como foi?
            -Bom, a gente seguiu os dois pela lateral da floresta para tomar a dianteira né; aí a gente achou um lugar iluminado, tava voando bola de fogo pra todo lado, inclusive o Krurg mandou eu conjurar uma barreira pra evitar “acidentes”... A criatura que voou ficou de costas pra gente a maior parte da luta, foi tudo muito rápido até que os dois lançaram uma baforada inflamada, parecia que a do frenético ia tostar tudo de tão grande, até que a do outro foi aumentando, aumentando, aumentando até se igualar, mas ele foi descendo ao mesmo tempo também, até tocar o solo, a claridade e o calor era forte, pra ver tudo com detalhes, pelo que eu consegui ver ele foi andando até o Frenético e BUM! Quando voltamos os olhos pra lá de novo só tinha muita coisa queimada, uma grande cratera no chão e nada mais, quando a gente voltava pelo caminho contrário, achamos o dorminhoco ali e voltamos pro acampamento. Nada mais...
            -Estranho... – resmungou Auros, - Ele não tem  marcas de ferimentos, nada?
            -Não... ele só está empoeirado assim porque o Krurg insistiu em vim arrastando ele pra ver se acordava...
-O que foi? Eu achei que funcionaria, não ,me olhem com essas caras não! – Retrucou Krurg em meio aos olhares de sarcasmo.
-Bom, não tem muito que possamos fazer, acho, vamos descansar o resto da noite, deve ser o que ele faria...
            Todos concordaram com Lyza, e descansaram até a manhã seguinte, o sol começava a raiar, parte do grupo acordou mais cedo e a outra parte acordou ao ouvir a voz de Will.
            -Bom dia pessoal; o que temos de bom pra hoje?

sábado, 13 de agosto de 2011

Episódio 7 - O medo, a sombra, a chama.

                O ar de desafio era tão denso que entupiria uma artéria. Aquele ser enorme de olhar ameaçador parecia convidar Crawler e Auros para uma batalha, porém não abriu a boca para uma palavra. Apenas pequenas labaredas saíam entre uma respiração e outra. A ‘calma’ da criatura era tão visível quanto seu desafio. Mas afinal, o que era aquilo? Na verdade, todos sabiam, mas se negavam até em pronunciar, era uma Cria de Quinquicipes, a criatura mãe da maldade nos dragões, porém até então nunca se tinha visto há décadas criaturas dracônicas com freqüência, algumas mistas, mas nada muito incomum...
                Cria Vermelha Frenética, ou Frenético Rubro como é também chamado, é fruto da magia obscura de Quinquicipes, assim como outros tipos de crias. Criado pra cumprir suas ordens com extrema rigidez seria um mercenário perfeito se não fosse um capanga da obscuridade; força sobre-humana, determinação de ferro, habilidades semelhantes à magia (concedidas pela sua linhagem dracônica), e vitalidade surpreendente. A prova de sua força é constada pela posse de sua arma. Assim que se tornam adultos, para se tornarem Frenéticos Rubros dignos, devem passar por um teste feito pela sua criadora: Matar um dragão de Bronze e assim com seu crânio construir uma espécie de lâmina que ele usará em seu braço.
                Depois de alguns momentos o encarando-se, Crawler faz o primeiro movimento, avança ferozmente pra cima do Frenético, ao se aproximar ele se inclina para golpeá-lo com o ombro; em vão. O impacto nem afetou muito o Frenético Rubro que apenas agiu como se tivesse sido esbarrado, aparentemente deu meio passo para a lateral apenas, então, chutou o lobo aberrante derrubando-o . Auros manteve-se na retaguarda, hora rugia, hora dava um passo para trás. Sim, um dos grandes senhores mamíferos estava com medo. Principalmente ao ver crawler tomar golpes lentos porém dolorosamente  visíveis.
                Um assobio leve cortou o ar, Lyza se aproximava junto com Krurg e lançou uma bola de fogo na criatura, o que chamou a atenção dela, péssima idéia. O nome “Frenético” não é à toa, ela se prontifica a aniquilar qualquer criatura que aceitara seu desafio visual e ataca em foco o último ser que lhe aplicou dano. O monstro se vira para a direção de Lyza e comece a andar, a garota começa a ficar com medo, conjura e lança mais uma bola de fogo, o Frenético abocanha como se fosse um torrão de açúcar no ar, Krurg não deixa por menos e lança uma de suas boleadeiras, que vira cinzas em uma rajada flamejante que o monstro vermelho cuspiu.
                Nem sequer chegam perto de intimar o Frenético Rubro, ao longe, Auros vê Felícia correndo distante, seu olhar diz que ela pretender atacar a criatura, que continua avançando contra Lyza e Krurg. Ele salta na frente do grande dracônico e rugi, a criatura para, bufa uma pequena chama e fica atônita, Auros torna a rugir novamente mostrando a imponência de sua transformação, mas é golpeado pelo antebraço dela, jogando-a para longe.
                Krurg saca sua espada, e golpeia a criatura, o corte não foi tão profundo, leve como um arranhão, mas impertinente o suficiente para enfurecer o Frenético, que o agarra pelo pescoço e o ergue, vai estrangulá-lo. É vista uma enorme bola de fogo cortando o ar zunindo. Ela explode logo ao lado do Frenético fazendo o saltar e soltar o trolóide.
                -Boa Lyza, agora eu gostei de ver! – agradeceu o trolóide.
                -Mas não fui eu, veio dali! – e Lyza aponta para um beco escuro da cidade.
                Os olhares se voltam para as sombras, da onde reluziam dois olhos verdes em destaque, brilhavam levemente; nada amedrontante, nada convidativo, apenas misterioso. Outro ser estava presente no local, porém ainda não havia revelado sua forma; se é que possuía uma. A cidade de Urbenalis, talvez não fosse mais a mesma depois dessa guerra particular dentre os seres que estavam ali, a determinação de Auros e Crawler, a sede de destruição do Frenético Rubro, e o tamanho da bola lançada pela criatura nas sombras revelaram-se até então destruidoras, até quando os habitantes estariam seguros dentro de seus abrigos?
                Felícia aproxima do local da batalha e vê Auros caído, e core para ajudar o irmão, o Frenético passa sobre os dois e começa a andar em velocidade consideravelmente mais rápida, está em seus movimentos e em sua natureza que agora irá atacar a criatura misteriosa, será mais do que uma luta de criaturas, será um desastre, a cidade nunca teve que passar por essas coisas antes.
                O enorme vulto vermelho aumentava sua velocidade rumo à escuridão, da onde partiam bolas e mais bolas de fogo enormes, as quais eram rebatidas pela lâmina do Frenético. A aproximação era cada vez maior, o grande dracônico some nas sombras. Reinou um breve silêncio. Então, sons similares a pequenos grunhidos, rugidos ou algo assim, respiração profunda e algumas batidas eram ouvidas, até que o corpo do Frenético foi jogado pra fora do beco, e aos céus a criatura subiu, revelou um grande par de asas, um corpo quase humano, e não se via muita coisa mais, pois cuspiu chamas tão claras que ofuscaram a vista dos presentes, quando terminou, ele estava se virando e rumando de volta para a floresta, o Frenético Rubro deu um urro de fúria colossal e saiu correndo atrás da criatura, para além dos domínios da cidade...
                -O que era aquilo? O que foi que aconteceu?  - perguntou Lyza para Krurg.
                -Ainda não sei...              mas tenho um palpite...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Episódio 6 - Tenha Medo Do Desconhecido

                A manhã toda foi perdida na tentativa frustrada de encontrar Will, Auros estava inquieto, o faro de Felícia não localizou nada e Krurg mesmo como um caçador de recompensas habilidoso não conseguiu ir além do riacho próximo do acampamento.
                -Não há muito o que fazer, os outros grupos me informaram agora há pouco que um bárbaro foi relatado próximo à cidade, precisamos nos preparar para a batalha de hoje à noite. – alertou Auros
                -Droga, onde ele foi se meter? – resmungou Krurg – Bom, caso ele não apareça, vamos procurá-lo amanhã, precisamos de uma estratégia, o sol já está alto e as horas vão voar se não estivermos preparados.
                -Mas sou eu quem vai lutar com ele!
                O trolóide bateu a mão no ombro de Auros ,
                -A partir de agora bichano, temos um problema em comum, a partir de agora somos uma equipe.
                -Apenas fique fora da batalha contra o Crawler, a honra pelo nome de meu pai estará em jogo.
                Um plano foi montado, Felícia correu por toda a cidade naquela tarde alertando os moradores para ficarem abrigados a partir do momento que o sol tocar o horizonte, preferencialmente em seus abrigos mais seguros e porões, prometeu que aquilo não passaria do amanhecer. Auros e Lyza avisaram todos os acampamentos ao redor da cidade para que permanecessem onde estavam exceto no caso de serem atacados. Krurg ficou incumbido de cercar a entrada principal da cidade após um sinal, Felícia de aguardar no acampamento de tocaia, podendo ver a rua principal da cidade e aguardar caso Will retorna-se; e por fim Lyza ficaria na outra ponta da cidade conjurando uma barreira caso Crawler tenta-se fugir de forma covarde.
                A arapuca fora formada, o sol tocava no horizonte, Felícia acendeu a fogueira do acampamento e observou distante a cidade, portas e janelas se fechavam as pressas o cidade estava muda, apenas o vento  soprando entre as construções e a respiração de Auros no meio da rua central se destacavam. Uma luz esbranquiçada passou a se formar na saída da cidade e Krurg se “camuflava” na vegetação. Nenhum sinal de Will. A lua começava a brilhar, cheia em sua majestosa clareza, até ser encoberta por algumas nuvens.
                Uma silhueta surgira na estrada, Caminhava em passadas duras, lentas e despreocupadas, Humano. Trajava uma calça, botas, um colete e um sorriso sarcástico, era aparentemente grande e forte, era um bárbaro, era Crawler. Felícia jogou um líquido na fogueira deixando a fumaça azulada, era o sinal que o inimigo havia entrado na cidade. Lyza ao ver a fumaça gritou “Lumus Adverts” e jogou uma luz de cor avermelhada ao céu, Krurg se encontrava na entrada da cidade cercando tudo.
                Auros esperava  Crawler estático, o a aberração em sua forma humana parou de caminhar aproximadamente uns 4 metros do licantropo.
                -A cidade é tão decadente que só sobrou você e seus amiguinhos, pequeno tolo? -  Provocou Crawler.
                -Estão todos de luto pela sua morte esta noite Crawler, temos contas a acertar.
                -Não me lembro de você, provavelmente não foi meu adversário, caso contrario estaria jazendo uma cova agora.
                -MATOU MEU PAI DA ÚLTIMA VEZ QUE QUIS PROVOCAR O CAOS POR AQUI!! AGORA EU VOU VINGÁ-LO E TODOS QUE VOCÊ LEVOU COM ELE...
                -Humf! Sinceramente, a morte é tão cotidiana que não sei dizer quem matei há tanto tempo... Mas sei dizer que ele talvez não cheirasse como gato escaldado como sinto agora. Já falei demais, morra infeliz!
                Os dois se atracaram em golpes e tentativas de imobilização, rolaram pelo chão, foi uma coisa pequena, até a lua se revelar atrás das nuvens. O luar clareou a maior rua da cidade, onde o forasteiro jogou Auros com suas pernas para trás, e uivou aterrorizantemente como da última vez, rasgando suas próprias roupas e se transformando no Lobo Aberrante. Auros gritou, urrou, enfim rugiu, seu corpo metamorfoseou-se em um enorme felino, majestoso, rei dos animais, o leão.
                Uma rivalidade seria resolvida ali era um caso de vida ou morte, indo muito além das intrigas pessoais, das juras ou da compreensão humana, eram o lobo e o leão; dois inimigos naturais, levando sua guerra para outros planos de mente, de corpo, de transformação.
                O leão fez o primeiro movimento, saltou para cima do animal uivante na tentativa de morder e agarrá-lo com suas garras, porém Crawler era mais rápido, agarrou Auros pela juba e o lançou contra uma parede. O impacto foi forte que alguns tijolos caíram com a pancada. O fato de o Lobo Aberrante possuir uma postura mais ereta o ajudava em combate, isso o tornava um metamorfo excepcional. Andou na direção de Auros e ao erguer a garra aos céus para a retaliação o felino abre seus olhos e o pega de surpresa, salta acertando em cheio uma mordida no corpo do lobo aberrante que cambaleando para trás tenta se livrar do leão. Crawler não deixa por menos e arranha-o com suas garras, o rei dos animais se solta em meio a dor, os dois se encaram por alguns momentos, quando o olhar de ambos parecia vazio, suas formas transformadas lhe permitiram captar um som diferente. O grunhir da respiração de uma criatura não familiar fez ambos olharem para a entrada da cidade. O único movimento feito pelos dois foi para se esquivarem de Krurg sendo arremessado para a outra extremidade da rua quebrando com o próprio corpo a barreira conjurada por Lyza.
                Sim, aquele foi o único momento relatado que um Lobo Aberrante e um Homem-Leão foram amedrontados. Era maior que Crawler transformado, e mais imponente que Auros em sua hibridez. Andava em duas pernas, sua pele era avermelhada, seus membros avantajadamente fortes, uma cauda balançava durante seu caminhar, sua cabeça lembrava e muito um lagarto, porém mais monstruosa, ou melhor, mais dracônica. Expeliu uma pequena labareda de chamas de sua boca enquanto vinha caminhando com um olhar “sério”, focando os dois metamorfos. Felícia ao ver a chegada da criatura abandonou seu posto para tentar se juntar ao irmão em tempo; Krurg e Lyza estavam se recuperando da queda boquiabertos sobre o ser que se aproximava cada vez mais. O leão recuou, mas rugiu. O Lobo uivou , tomou espaço e saltou para cercar a criatura. A criatura nada mais fez além de olhar bem nos olhos de ambos e permanecer parada. Os rumos seriam outros a partir de agora

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Episódio 5 - Sangue Inocente, Vinganças Juradas.

O silêncio da noite era tão perceptível como a grande lua quase cheia que reinava no céu; era como se além de Krurg e Lyza, todo o ambiente houvesse tomado voto de silêncio para ouvir Felícia narrando a história de Urbenalis, enquanto Auros e Will repousavam; apenas ouviam-se os estalos da madeira semi-seca na fogueira...
- “Há alguns anos Urbenalis ainda era uma cidade mista, Herdeiros, humanos, anões, e outras raças viviam em perfeita ‘harmonia’ naquela cidade. Não havia nenhuma discriminação se você tivesse escamas sobre o corpo, uma longa cauda ou se você se transformava durante a lua cheia, era uma cidade como outra qualquer até a chegada de um bárbaro, foi em uma noite chuvosa, ele havia chegado à taberna da cidade, bebeu tulipas e mais tulipas de cerveja e cálices de hidromel, não demonstrou uma mínima tontura. Madrugada adentro ele ficou entornando bebidas. O dia virou, o sol brotou no horizonte, o dono da taberna disse que precisava fechar o estabelecimento para descanso, ele se recusou; o proprietário era um herdeiro do touro, era alto e extremamente forte, tinha pequenos chifres na cabeça e usava uma argola dourada no nariz como adorno. Pois bem, o bárbaro levantou-se nervoso e desafiou o herdeiro para um duelo, dizia que seria tudo ou nada, e que sua raiva aumentava seu apetite de sangue; como nunca perdera uma luta para um humano o desafio foi aceito. Eram sete da manhã quando os dois se encaravam na rua principal da cidade, o sol começava a banhar fracamente o chão feito de paralelepípedos levemente esverdeados quando os dois começaram a lutar, a vantagem era do taberneiro, como era de se esperar, e quem parava para assistir já estava crente que ele colocaria o bárbaro para fora da cidade. Foi então que tudo mudou quando o bárbaro ergueu o cidadão e o lançou longe. Certo, era um bárbaro, força bruta é sua sina, mas as mães correram com seus filhos no colo e os homens da cidade se prepararam para um perigo desconhecido. O bárbaro via-se em fúria, seus olhos indicavam a cegueira do ódio, e a face do horror, ele uivou, um longo uivo grotesco e sombrio ecoou na cidade, quando o uivo acabou, ele estava terminando de se transformar; uma criatura era horrenda, ou melhor, uma aberração. Um grande lobo de dois metros de altura, com membros visivelmente mais fortes, dentes e garras afiadíssimas, andava em duas patas curvado para frente, possuía placas saindo do meio de sua pelagem cinza escura. Covardemente ele agarrou o taberneiro pelas costas enquanto se levantava, rasgou-o com suas garras brutalmente, aqueles que se aproximaram sofreram a conseqüência de sua fúria, ao longe foram jogados ou perfurados até a morte com garras ou dentes, a guarda da cidade se juntou e por meio de ameaças e avanços fizeram com que a aberração se retirasse da cidade, mas isso custou a vida do chefe da guarda quando o lobo quebrou uma de suas placas pontiagudas e a lançou contra os oficiais... Ele jurou então voltar na lua cheia e executar a chacina em todo morador deste local, e para que ninguém esquecesse; ele gravou com suas próprias garras na placa de entrada da cidade as seguintes palavras: ‘Lua cheia Crawler lobo aberrante volta’. Desde então, os guerreiros mais fortes da cidade montam acampamento em torno dela; já se passaram 5 luas cheias sem sinal dele, mas eu e Auros ainda não desistiremos, pois o chefe da guarda, que foi morto na tentativa de defender a cidade... Era nosso pai... “– Uma lágrima desceu o rosto de Felícia após a última frase.
A herdeira senta-se ao chão e fica a remexer as brasas com um pedaço de madeira e um olhar melancólico. Lyza vira e revira páginas de seu livro, até quebrar o silêncio
-Bem, não tem muito aqui sobre lobos aberrantes... Mas são licantropos como qualquer outros... err... sem ofensa aos presentes... foram criados em cultos malignos em forma de sacrifício, porém a experiência saiu errada e a raça se desenvolverá, são violentos e vingativos... e... e... e mais nada, é o que tenho.
-Ótimo temos uma lua cheia amanhã e tudo que sabemos é que estamos à mercê de um “lulú” sanguinário de dois metros de altura. To vendo que vou ter que fazer da maneira antiga mesmo... – Resmungou Krurg.
-Não é necessário! – Auros sai de sua barraca, agora com sua forma humana – Amanhã é lua cheia, licantropos estão no auge de sua força, eu sou um deles, eu vou matá-lo de igual para igual, e vingar o sangue inocente derramado nesta cidade.
-Sozinho? E o que o bichano pensa que vai fazer? Você acaba de tomar um sopapo do andarilho ali que ta dormindo ali na barraca.
-Amanhã não ficarei na forma híbrida, me transformarei por completo, o rei das selvas reinará em seu território. ele saberá o que é um licantropo de Urbenalis...
-Mas ele não matou vários da ultima vez?
-Aí que você se engana grande esverdeado, sabe-se lá porque ele só atacou herdeiros naquela manhã... eu serei o primeiro e o último licantropo que Crawler vai enfrentar no chão desta cidade.
Via-se o ódio e a sede de vingança no tom de voz de Auros. Krurg apenas concordou com a cabeça, não era o melhor momento para contrariá-lo. E assim passaram o resto da noite, em frente ao crepitar da fogueira, trocando informações, táticas, conhecimentos, enfim se conhecendo e formando uma aliança.
A manhã veio e trouxe com ela as gotas de orvalho sobre as barracas e o apagar das brasas. Todos estavam se levantando quando uma sonora inspiração de ar toma conta do acampamento, Lyza está em frente à barraca onde Will estava, semi desmontada, ainda com a capa, e a mochila dele dentro; a espada havia sido levada. Onde estará Will?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Episódio 4 - Feras, Fatos e Surpresas

A lua estava forte a brilhar, os três heróis caminhavam por entre as clareiras iluminadas por seu brilho, estavam a um dia da lua cheia, Lyza andava carregando um livro aberto em uma mão, que lera desde uma hora depois da partida, Krurg caminhava em passadas lentas, porém mais do que suficientes para acompanhar lateralmente Lyza, e Will, caminhava à frente de ambos, com um jeito estranho de se portar, olhava para os lados da clareira com desconfiança, fazia movimentos bruscos com o pescoço, o estralava a todo o momento, assim como mãos, ombros e dedos, parecia incomodado, virou-se bruscamente para Krurg que questionou-o.
-Isso é medo, raiva, ou só pisou em um formigueiro e não consegue se livrar dos insetos?
-Nem um nem outro, só não me sinto muito disposto. – Respondeu friamente
-Posso preparar algum chá, ou poção, ago que cure isso se quiser, - ofereceu-se Lyza - sou nova, mas tenho amplo conhecimento em...
-Não precisa, eu estou bem, só um pouco estranho, vamos seguir em frente, talvez cheguemos a  Urbenalis  logo, em um ou dois dias.
Eles prosseguiram, em um silêncio peculiar, de repente, um barulho foi ouvido entre os arbustos, eles pararam, o som os rodeava,  Lyza olhava para todos os lados desnorteada, Krurg pegou umas de suas enormes boleadeiras e a manteve em punho, pronto para lançar, porém não moveu um músculo de suas pernas nem um passo a frente, nem atrás, e Will girava em torno dele mesmo seguindo o som dos arbustos, desceu uma mão na bainha e a outra na base da espada, pronto pra sacá-la. A clareira era aberta, a lua clara, eram alvos visivelmente fáceis, porem preparados.
-Não é apenas um... – disse Will, sacando a espada, deixando-a tinir no ar.
Krurg começou a girar a boleadeira fazendo o som no ar cortado pela velocidade, Lyza estava com um olhar de medo, mas em uma prova para ela mesma ela conjura uma pequena bola de fogo e a deixa tremular ao ar, a poucos centímetros de sua mão. O clima é de tensão, as criaturas ocultas na penumbra da vegetação começam a correr em círculos, a respiração ofegante e preocupada do grupo pode ser claramente ouvida, um dos sons para, o outro continua correndo, dois grandes olhos refletindo a luz da lua aparecem na penumbra, intimidantes, Will os encara profundamente e começa a caminhar em sua direção, o som dos passos ritmados da outra criatura parecem estar mais próximos do trolóide e da jovem feiticeira, Will continua caminhando encarando bravamente o olhar amedrontador apesar de Lyza estar gritando para que não fosse.
O silêncio tomou as rédeas da situação, o ataque começa. Uma criatura aparentemente humanóide salta para cima do trolóide, ele lança a boleadeira mas a criatura é rápida demais, se esquiva e o golpeia com as patas traseiras no peitoral de Krurg que cai a chão levantando grande poeira, pegando o impulso do impacto a criatura sobe ao alto novamente caindo para cima de Lyza, ela lança a pequena bola de fogo que carrega mas com leveza e agilidade (até mesmo uma certa “graça”) a criatura rebate o projétil ao chão onde estoura iluminando a clareira em tom alaranjado. Luz essa que quebra a intimidação de Will com a segunda criatura, então, revela-se uma grande cabeça leonina abrindo sua boca  e partindo contra o sujeito, vindo da mata fechada, ambos avançam clareira adentro, Will sempre recuando mediante as mordidas da criatura, Porém, seu estilo de lutar está diferente do Krurg e Lyza haviam assistido contra o troll atroz, estava mais rápido, não estava usando a espada para se defender, tanto que em um movimento rápido guardou-a na bainha novamente, empurrou o monstro felino para trás e urrou o seguinte “grito de guerra”:
-Agora é fera contra fera!
Como um animal selvagem ele partiu para cima do outro leão que agora se via ter um corpo humano, a cada investida, Will desviava da tentativa de morder que o animal dava, o socava, e continuava avançando; tamanha selvageria chamou a atenção de Lyza, Krurg, que estava segurando o primeiro atacante e o próprio, ou melhor, a própria, pois era uma moça, esbelta, com traços felinos como orelhas pontuda, uma cauda e olhos grandes e chamativos, além de pequenos dentes mais pontudos, visíveis desde que estava boquiaberta com a luta, assim como os demais. A animalidade parecia correr nas veias dos combatentes, entre grandes golpes e rodopios, o leão e Will lutavam de igual para igual, não se sabia dizer quem estava com a vantagem e quem em breve cairia.
Em um certo ponto, o grande felino errou uma mordida, mas arranhou o braço esquerdo do andarilho quando ele se esquivava, ele acerta a cabeça do animal novamente que cambaleia para trás; Will firma um dos joelhos no chão, segurando o braço, ao tirar a mão, vê sangue correndo por entre seus dedos, ele fica atônito por instantes, levanta-se com alguma dificuldade, está zonzo, fica imóvel olhando para sua mão enquanto o outro braço está solto, o leão salta de longe, com sua boca aberta, e garras para frente, é o golpe final, Lyza fecha os olhos, Krurg faz um impulso para tentar correr na direção do ataque, mas ele mesmo pára. O olhar de Will mudou novamente, de dor sua expressão torna-se obscura, séria, assim como no último confronto, ele para o bote do leonino somente com a mão direita segurando o focinho com apenas essa mão e empurrando-o para cima, sem o soltar ele pula, e com os dois pés dá um chute fenomenal na fera, que voa aproximadamente uns 3 metros para longe do humano, ela tenta se levantar, mas cai, vencida pelo cansaço; maleficamente Will começa a rir, umas risadas loucas, cortadas por um som de dor, ele toca o ferimento no braço novamente, vê sua mão ensangüentada, volta a rir, vai parando aos poucos e cai ao solo.
Cerca de meia hora depois, não muito longe do local da luta animalesca, estão sentados em torno de uma fogueira onde um javali está sendo assado, Krurg, Lyza e a mulher, Will e a outra fera foram postos em barracas logo após serem curados.
-Eu acho que temos uma longa conversa pela frente não é mesmo? – indagou Krurg.
-Bem, tecnicamente vocês invadiram nosso território de caça primeiro, mas que felina seria eu, se não lhes desse a honra de saber quem sou? Sou Felícia, Meio humana, meio Leoa, o grandão ali na outra barraca é Auros, agora ele já deve estar em forma humana novamente...
-Forma humana? – questionou Lyza espantada.
-Sim, Auros diferente de uma herdeira como eu, é um licantropo, ou seja, ele possui a forma mais humana, porém pode se transformar tanto em uma forma híbrida de nosso ascendente, o leão, que é o que vocês viram agora, como ser também o próprio animal completo, estávamos caçando para o acampamento, então vocês apareceram e enfim, aconteceu o que aconteceu, você, pelo que vejo é aprendiz de magia, e você verdão, a caveira no seu cinto, e as boleadeiras não negam sua profissão de caçador de recompensas... Agora, o guerreiro... Ele declinou do uso da espada, lutou com tamanha ferocidade, não foram muitos que encararam Auros assim, muito menos os que venceram... Quem é ele? Ou melhor, o que é ele?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Episódio 3 - Combate & Piedade

- “GAIA PROTETORIUM!”  - gritou Will
Grãos de terra começaram a rodar em torno do andarilho, em poucos segundo se multiplicaram formando um morro de terra em torno dele, que se abaixa no grande furo no meio do pequeno morro.
O Troll atroz que corria cego de raiva tropeça  na protuberância no solo, e cai rolando metros a frente, ele se levanta, aparentemente atordoado,  seus olhos estão vermelhos como sangue fluindo de ódio; a queda o enfurecera. Will se levanta do buraco e Krurg aparace ao seu lado .
- Ótimo, temos uma besta de 4 metros de altura enfurecida e descontrolada sedenta por destruição, parabéns andarilho, agora deixe isso para um humanóide capaz de...
- Guarde sua espada grandão! – interrompeu Will – ao menos nesse caso não há necessidade de sangue.
-Tem noção do que essa coisa pode fazer?
-Nenhuma no momento...
Will guarda sua espada na bainha enquanto o trolóide o encara com uma face indignada. O Troll ruge mais uma vez e começar a se erguer e esmurrar o chão com força, fazendo os locais mais próximos tremerem. Krurg no desequilíbrio acaba por cair, ao se levantar e voltar seus olhos para Will ele sumira, já estava correndo em direção ao Troll.
-Pobre coitado, sem armas nem mesmo o mais habilidoso monge pode durar muito tempo lutando com as mãos nuas contra um Troll Atroz... – resmungou Krurg empunhando uma boleadeira na mão.
O andarilho correu com um olhar concentrado, o troll ergueu sua enorme mão e tentou acertá-lo, porém o humano foi mais rápido, pulou e rolou por baixo da perna do monstro, levantou-se e saltou, agarrando dois dos vários espinhos nas costas do troll atroz, a criatura sente que fora pega de surpresa, e começa a se movimentar para agarrar Will que por meio da força não se deixa cair ou ser pego. Krurg se prepara para lançar a boleadeira nas pernas da fera, num momento de descuido o andarilho é agarrado e imediatamente lançado com grande velocidade no trolóide. Os dois caem bruscamente após o choque.
- Sai de cima de mim e repita o movimento, agora vou acertar! – ordenou o trolóide.
- Falar é fácil não é mesmo? Vai lá e manda seu titio se acalmar! – retrucou ironicamente.
Via-se o começo de uma discussão quando o troll chega por trás de Will. Krurg por mais irritado que estivesse com o humano já pode ver a condolência em seus olhos vendo a morte de Will quando a fera atroz abre sua enorme boca e se enclina para morder Will.
O silêncio por um instante tomou conta da floresta. O trolóide ficou pasmo ao ver a cena, a face de Will mudou, estava sério, com as mãos para o alto segurando as duas presas inferiores enormes do troll atroz. Ele pulou, ainda segurando as presas, e rodou caindo na nuca da criatura, em meio a solavancos dessa grotesca montaria, ele retirou um saco de seu bolso, e despejou um pó prateado sobre a face do troll, que se debateu e aos poucos, reduzindo sua intensidade de força, cai ao solo, parece estar em sono profundo.
-O que aconteceu?
-Pó de asa-da-lua, feito com a asa da mariposa com escamas com propriedade sonífera, ele vai dormir por um bom tempo agora...
-Bem, é a hora certa, mas como você o derrubou, é seu direito matá-lo...
-Não haverá sangue hoje, já disse, seu orgulho foi ferido, quando acordar ele vai migrar. Enquanto isso, vamos pegar aquelas redes ali, a garota tremendo de medo atrás daquela pedra e voltar para o hotel, tem um refogado que quero para o jantar, e umas cartas pra pôr na mesa, eu, a garota e você trolóide.
-Eu declinaria, mas a fama do refogado de câncer de safira fala mais alto hehehe...

Horas depois no salão do hotel, Will, Krurg e Lyza estão sentados em uma mesa, cheia de pratos vazios, o silêncio, exceto, pelo sons dos talheres do trolóide terminando sua refeição, é quebrado por Will.
-Depois de amanhã vou partir para uma cidade ao norte. E estou procurando por uma equipe...

sábado, 16 de julho de 2011

Episódio 2 - O Acaso da Coincidência

Mata adentro Will avança por entre os galhos densos de uma vegetação bem verde, a floresta de Laguna segundo contam os livros é repleta de uma fauna e flora diversificada, entretanto; não se avista muitos animais pelo local, a não ser pelos insetos que fogem no chão aos passos de nosso andarilho e os mosquitos que tendem a rodear seu corpo.
Não se ouve muitos sons a não ser de mato sendo empurrado e os sons típicos de uma floresta diversificada, além do mais, em sua mente apenas ecoavam as instruções de Mark, o pescador:
Da última vez eu não vi muita coisa só corri muito, mas o Troll era enorme, eu estava no lago principal, onde jogo a rede para capturar os cânceres de safira, quando a água começou a ondular, uma sombra surgiu nas minhas costas e ele rugiu, travei de medo, não peguei nada só saí correndo, não sei dizer quantas árvores ele derrubou correndo atrás de mim, mas por ser menor eu consegui fugir... o lago fica no centro da floresta, é só rumar à nordeste e já encontrará o lago... boa sorte jovem...”
Ele avança lentamente, empurrando as folhas com as mãos, seus olhos se arregalam quando encontra uma grande clareira, na verdade mesmo, era os resultados de um timbre de destruição e medo,  por metros haviam árvores caídas e pegadas de pisadas fortes no chão, Will faz surgir seu olhar de indignação. Ele passa a caminhar por entre o rastro do que parecia ter sido uma caçada, certamente batia em detalhes com a pobre descrição do pescador, cujos olhos brilhavam de MEDO ao relembrar a sensação. Algo precisava ser feito.
Will estava analisando a ‘cena o crime’ quando um zumbido corta o ar e ele se vê caído ao chão enrolado por uma grossa corda. Fora atingido por uma boleadeira; e que boleadeira, era maior do que as convencionais usadas para se caçar animais de porte médio. Por meio de esforços este andarilho tenta se libertar, mas é difícil.
O rosto de esforço de Will muda quando uma sombra o tampa do sol, não se vê muita coisa até que um mão verde o puxa pelo pescoço. Face-a-face com o desconhecido, a criatura o olhava friamente, olhos quase brancos por inteiro, sua pele era de um verde pálido inumano, e a força que apertava o pescoço de Will era sobrehumana. O silêncio foi cortado:
- Ora, ora... o que nós temos aqui? Não lembro de ter rastreado um humano desde que cheguei... Bom não me importa, melhor me livrar de você antes de me livrar do meu alvo principal...         FLUSH!
Uma pequena bola de fogo atingiu a criatura humanóide na cabeça por trás, era Lyza, sabe-se lá de onde ela surgiu, provavelmente seguiu Will , estava assustada. Havia motivo, a sobrancelha da criatura se contorcera demonstrando a raiva e o andarilho acabara por tomar consciência do erro da garota, o humanóide desceu a mão a cintura sacando mais uma boleadeira, virou a cabeça para trás; Lyza se congelou de medo, o ser se prepara para lançar o aparato quando... “VIBRATA SÔNICA!” Will berra perante sua falta de ar, imediatamente a espada em sua bainha começa a vibrar, produzindo um som de metal se contorcendo cada vez mais alto em questão de segundos, era ensurdecedor, a criatura berra até não resistir e cai a terra com as mãos na cabeça, deixando Will escapar, numa tentativa de força ele arrebenta as cordas, e vê Lyza caindo ao chão também, foi demais para ambos. Pouco tempo depois a criatura acorda, Will está a frente de Lyza desmaiada no chão e com a espada em punho.
- Mas o que você pensa que estava fazendo?  – questionou a criatura
-Vibrata Sônica faz qualquer objeto fortemente ligado ao dono tremer gerando uma freqüência sônica ensurdecedora, exceto para o portador do objeto...
-eu to falando com ela seu babaca! Por que ela me atirou uma bola de fogo?
- ela está desmaiada seu... seu... afinal O QUE É VOCÊ ? não me parece o tal Troll que falaram...
- e não sou seu imbecil! Não sabe a diferença de um trolóide e um troll atroz?
- Ah tá explicado...
- Sou Krurg, caçador de recompensas e você pequenino, quem é?
-Will. Procuro pelo Troll que invadiu este local.
- Ele não invadiu, não é um troll comum nem um trolóide como eu, Trolls Atrozes são seres maiores e menos sociáveis, não há como argumentar com uma criatura dessas, e outros moradores da região me contrataram para arrancar-lhe a cabeça, por mais que me doa ferir um irmão de raça, e te digo uma coisa andarilho, fique fora do meu caminho e do troll, caso contrário, haverá mais de o sangue de uma criatura derramado nesta floresta hoje, e tire a bela adormecida daqui antes se machuque mais... – Krurg se vira e some perante a penumbra das árvores.

Will olha para Lyza e começa a andar, para, olha pra trás, volta, pega a garota, joga-a nas costas e carrega-a. Ele anda até chegar à margem de um enorme lago. A paisagem era demasiadamente linda, a clareira do lago fazia a superfície da água brilhar banhada à luz do sol, o andarilho solta a garota próxima a água e molha o rosto dela com água, ela acorda afogando.
- Coff coff, ai... que dooor de cabeeeçaaa... o que aconteceu?
- Por que me seguiu Lyza? Não sabe o perigo que corre aqui sua incompetente?
- Preciso de um dente de troll para uma poç... AAAAAAHHHH!
Logo atrás de Will aparece uma criatura enorme, aparentava  uns 3 metros e pouco de altura, andava curvado, era como Krurg, porém tinha espinhos nas costas, mãos enormes, e uma boca mais selvagem, o chão mais próximo tremeu com seus passos, Will se prepara para sacar a espada quando a criatura, num ato de reflexo o soca para dentro do lago, Lyza grita amedrontada com o animal, que ruge fortemente, o rapaz emerge na outra ponta do lago e corre para a cena onde a garota se rasteja para traz enquanto o troll enorme caminha para cima dela. Subitamente Krurg pula do alto de uma pedra e agarra o pescoço da fera ela se debate, ruge, e corre, ele consegue tirá-lo de perto da humana mas correndo para a direção de Will, que se prepara para um ataque, ele começa a correr na direção de ambos, o troll derruba  Krurg de suas costas que rola ao chão levantando enorme poeira, Will aparentemente está sozinho agora, lutando contra o monstro, eles correm um em direção ao outro quando Will crava sua espada no chão e grita...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Episódio 1 - Aquele Que a Areia Trouxe

Um dia, em um tempo presente de um mundo completamente diferente do que conhecemos, inicia-se uma história...
Aqui, vemos um jovem andarilho vindo do meio da poeira do deserto, rumo a cidade de Tropéria, que nada mais era do que um vilarejo para viajantes no meio da divisão entre o deserto da Garganta Seca e a floresta trópica de Laguna. Lá, a única atração principal desta cidade digna de um cenário de Far West, era o Hotel Central, onde a dona, feiticeira já velha e sarcástica cobrava altos preços por ser a única opção de hospedagem para não moradores de lá. Entretanto, há quem diga a hospitalidade e as refeições do hotel valem a pena pelo preço salgado.
Enfim, voltemos ao nosso andarilho, ele vêm caminhando aos poucos, seus pés afundando na areia fofa (típico de qualquer criatura que não esteja habituada ao terreno arenoso), seguido pelas nuvens de areia, ele se aproxima aos poucos adentrando o vilarejo, ele está de cabeça baixa, uma grande capa com capuz, provavelmente usada para se proteger da areia, o cobre quase totalmente, ele anda em passos regulares e a postura cansada. Os moradores o olham com certo desprezo e curiosidade, não são muitos os andarilhos sem montaria ou veículo que atravessam o deserto.
Ele segue sem se importar aos olhares e comentários do gênero “peregrino, com certeza” ou “sua montaria não resistiu pelo jeito...”. Ele entra no Hotel e é atendido pela feiticeira, ela olha-o de cima a  baixo e faz a típica face de desprezo “é mais um que vai ficar com o quarto no porão” – pensou.
O sujeito abre sua capa, e retira de seu bolso um grande rubi e o joga sobre o balcão questionando “o que eu consigo por um desses?”, a velha boquiaberta, toma o rubi em suas mãos e gagueja sobre a suíte do hotel por 3 dias e as refeições, ele aceita. E se vira para ir a escada, nisso a proprietária exclama  Mostre seu rosto apenas!”; ele pára, permanece estático por segundos, ergue suas mãos e desce o capuz que cai sobre sua mochila empoeirada e olha de perfil  para trás, onde em um momento a neta da feiticeira passa por de trás da avó, os olhares se trocam por momentos, ela derruba um livro em sua mão e abaixa-se para pegar, ao se voltar ele já está subindo a escada.
Algumas horas se passaram, ao cair da noite, o salão do hotel está aparentemente movimentado, é a hora em que se serve o jantar, o local toma uma ambientação mais luxuosa, independente de qual mesa seja. A feiticeira e sua neta servem as mesas, sendo auxiliadas por mesinhas com rodas que as seguem e desviam dos obstáculos sozinhas, obviamente, magia da feiticeira, já enfraquecida com o tempo e a falta de combate.
Lyza, assim era o nome da neta, ela buscava com o olhar o tempo todo a escada, como se aguardasse o andarilho descer, por vezes se atrapalhava um pouco com os pratos, o que tornava sua ansiedade visível em seus olhos. Enfim ele desce, trajando a mesma roupa com que chegara, porém sem a mochila e a grande capa, deixando visível que portava uma espada em uma bainha presa a cintura, e um pequeno saquinho preso ao mesmo cinto, entretanto, estava completamente limpo, seja de areia ou de poeira. Ele desceu, sentou-se em uma mesa onde foi ser paparicado pela proprietária que lhe mostrava o cardápio, ele escolhe atonitamente e pede por um conhecido prato feito com um crustáceo da região chamado “Câncer de Safira”, onde o crustáceo é preparado ao molho e tido sua própria carapaça como prato para o “refogado”; mas é negado seu pedido, “Por aqui os Cânceres de Safira só são encontrados no lago dentro da floresta próxima à outra ponta da cidade, mas tem um Troll por lá ultimamente pondo o pescador da cidade para correr ao se aproximar do lago...” explana a senhora até que subitamente o andarilho se levanta e saca sua espada fazendo-a tinir no ar, todos olham atônitos, ele não diz uma palavra sequer, corre por entre as mesas esbarrando em tudo e se atira contra a janela que se quebra em vários pedaços, nada faz sentido, ele rola pelo chão e terra como um doido até que perfura o solo com sua espada cravando-a firmemente, ao se levantar diz em tom alto, assistido por todos por entre a vidraça quebrada: “Apareça e serei compreensivo. Aos poucos a poeira vai abaixando e um adolescente está com a gola da camisa presa na espada com um rosto de temor tão grande que podia ser visto em seus olhos. “Desculpa, eu só queria ajudar minha família, meu pai não tem mais trabalho e... e...” ele é cortado pelo andarilho retirando a espada do chão, levantando-o deu-lhe um pequeno saco, disse-lhe algo que não se deu para escutar e o garoto saiu correndo, sumindo novamente, mas agora nas sombras da cidade. Ele apenas virou-se e retornou ao hotel para ter uma refeição, adentrando voltou-se para a feiticeira e disse com um sorriso sarcástico “Sobre a vidraça, coloque na minha conta...”, “Claro...” - foi sua resposta (sabendo que o rubi valia muito mais que 3 noites, refeições e a vidraça.)
Ao fim da noite, a salão estava quase vazio, o andarilho estava terminando sua refeição (e que refeição!) quando Lyza se aproximou da mesa, tirando o avental  e perguntou:
- Posso me sentar aqui um minuto?
- Claro. – respondeu o forasteiro
- Sobre o que aconteceu hoje, desculpe-nos, acho que já foi informado sobre a crise dos estoques de pescados da cidade, aquele era o filho do pescador, jovem feiticeiro ele só...
- Só queria ajudar a família, o jovem tem talento, eu disse para que não se repetisse o feito desta noite, dei lhe um saco de moedas de prata e o mandei para casa.
- Mesmo? Bem... muito legal de sua parte, a propósito eu sou Lyza, ajudo minha vó e sou estudante de magia e você seria...?
- Will, pelo menos é assim como me chamam... Sabe me informar qual é loja de suprimentos mais próxima?
- Do outro lado da rua, mas só abrem amanhã cedo...  er... o jantar estava bom? Você deveria provar o refogado de câncer de safira, talvez em outra oportunidade...
- Estava ótimo, vou me retirar agora, com licença...
Ele apenas se levanta e sobe escada acima.
 Na manhã seguinte ele acorda cedo e já está na loja de suprimentos, onde é surpreendido por um senhor magro de barba branca, atrás dele, o garoto e ele traz algo em suas mãos, é o saco de moedas que dera ao jovem na noite passada,
- Desculpe-me, mas acho que isto lhe pertence...
- Você deve ser o pescador certo?
- Sim, sou Mark, mil perdões pelo meu filho, isso não acontecerá mais, ele é bem intencionado porém não tem noção do que faz...
- Fique com as moedas Mark, creio que este seja o preço pela informação que desejo.
- Informação? Que informação?
O andarilho questionou com um sorriso nos lábios:
- Onde é o lago onde está o tal Troll?