sábado, 13 de agosto de 2011

Episódio 7 - O medo, a sombra, a chama.

                O ar de desafio era tão denso que entupiria uma artéria. Aquele ser enorme de olhar ameaçador parecia convidar Crawler e Auros para uma batalha, porém não abriu a boca para uma palavra. Apenas pequenas labaredas saíam entre uma respiração e outra. A ‘calma’ da criatura era tão visível quanto seu desafio. Mas afinal, o que era aquilo? Na verdade, todos sabiam, mas se negavam até em pronunciar, era uma Cria de Quinquicipes, a criatura mãe da maldade nos dragões, porém até então nunca se tinha visto há décadas criaturas dracônicas com freqüência, algumas mistas, mas nada muito incomum...
                Cria Vermelha Frenética, ou Frenético Rubro como é também chamado, é fruto da magia obscura de Quinquicipes, assim como outros tipos de crias. Criado pra cumprir suas ordens com extrema rigidez seria um mercenário perfeito se não fosse um capanga da obscuridade; força sobre-humana, determinação de ferro, habilidades semelhantes à magia (concedidas pela sua linhagem dracônica), e vitalidade surpreendente. A prova de sua força é constada pela posse de sua arma. Assim que se tornam adultos, para se tornarem Frenéticos Rubros dignos, devem passar por um teste feito pela sua criadora: Matar um dragão de Bronze e assim com seu crânio construir uma espécie de lâmina que ele usará em seu braço.
                Depois de alguns momentos o encarando-se, Crawler faz o primeiro movimento, avança ferozmente pra cima do Frenético, ao se aproximar ele se inclina para golpeá-lo com o ombro; em vão. O impacto nem afetou muito o Frenético Rubro que apenas agiu como se tivesse sido esbarrado, aparentemente deu meio passo para a lateral apenas, então, chutou o lobo aberrante derrubando-o . Auros manteve-se na retaguarda, hora rugia, hora dava um passo para trás. Sim, um dos grandes senhores mamíferos estava com medo. Principalmente ao ver crawler tomar golpes lentos porém dolorosamente  visíveis.
                Um assobio leve cortou o ar, Lyza se aproximava junto com Krurg e lançou uma bola de fogo na criatura, o que chamou a atenção dela, péssima idéia. O nome “Frenético” não é à toa, ela se prontifica a aniquilar qualquer criatura que aceitara seu desafio visual e ataca em foco o último ser que lhe aplicou dano. O monstro se vira para a direção de Lyza e comece a andar, a garota começa a ficar com medo, conjura e lança mais uma bola de fogo, o Frenético abocanha como se fosse um torrão de açúcar no ar, Krurg não deixa por menos e lança uma de suas boleadeiras, que vira cinzas em uma rajada flamejante que o monstro vermelho cuspiu.
                Nem sequer chegam perto de intimar o Frenético Rubro, ao longe, Auros vê Felícia correndo distante, seu olhar diz que ela pretender atacar a criatura, que continua avançando contra Lyza e Krurg. Ele salta na frente do grande dracônico e rugi, a criatura para, bufa uma pequena chama e fica atônita, Auros torna a rugir novamente mostrando a imponência de sua transformação, mas é golpeado pelo antebraço dela, jogando-a para longe.
                Krurg saca sua espada, e golpeia a criatura, o corte não foi tão profundo, leve como um arranhão, mas impertinente o suficiente para enfurecer o Frenético, que o agarra pelo pescoço e o ergue, vai estrangulá-lo. É vista uma enorme bola de fogo cortando o ar zunindo. Ela explode logo ao lado do Frenético fazendo o saltar e soltar o trolóide.
                -Boa Lyza, agora eu gostei de ver! – agradeceu o trolóide.
                -Mas não fui eu, veio dali! – e Lyza aponta para um beco escuro da cidade.
                Os olhares se voltam para as sombras, da onde reluziam dois olhos verdes em destaque, brilhavam levemente; nada amedrontante, nada convidativo, apenas misterioso. Outro ser estava presente no local, porém ainda não havia revelado sua forma; se é que possuía uma. A cidade de Urbenalis, talvez não fosse mais a mesma depois dessa guerra particular dentre os seres que estavam ali, a determinação de Auros e Crawler, a sede de destruição do Frenético Rubro, e o tamanho da bola lançada pela criatura nas sombras revelaram-se até então destruidoras, até quando os habitantes estariam seguros dentro de seus abrigos?
                Felícia aproxima do local da batalha e vê Auros caído, e core para ajudar o irmão, o Frenético passa sobre os dois e começa a andar em velocidade consideravelmente mais rápida, está em seus movimentos e em sua natureza que agora irá atacar a criatura misteriosa, será mais do que uma luta de criaturas, será um desastre, a cidade nunca teve que passar por essas coisas antes.
                O enorme vulto vermelho aumentava sua velocidade rumo à escuridão, da onde partiam bolas e mais bolas de fogo enormes, as quais eram rebatidas pela lâmina do Frenético. A aproximação era cada vez maior, o grande dracônico some nas sombras. Reinou um breve silêncio. Então, sons similares a pequenos grunhidos, rugidos ou algo assim, respiração profunda e algumas batidas eram ouvidas, até que o corpo do Frenético foi jogado pra fora do beco, e aos céus a criatura subiu, revelou um grande par de asas, um corpo quase humano, e não se via muita coisa mais, pois cuspiu chamas tão claras que ofuscaram a vista dos presentes, quando terminou, ele estava se virando e rumando de volta para a floresta, o Frenético Rubro deu um urro de fúria colossal e saiu correndo atrás da criatura, para além dos domínios da cidade...
                -O que era aquilo? O que foi que aconteceu?  - perguntou Lyza para Krurg.
                -Ainda não sei...              mas tenho um palpite...

Nenhum comentário:

Postar um comentário