segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Episódio 6 - Tenha Medo Do Desconhecido

                A manhã toda foi perdida na tentativa frustrada de encontrar Will, Auros estava inquieto, o faro de Felícia não localizou nada e Krurg mesmo como um caçador de recompensas habilidoso não conseguiu ir além do riacho próximo do acampamento.
                -Não há muito o que fazer, os outros grupos me informaram agora há pouco que um bárbaro foi relatado próximo à cidade, precisamos nos preparar para a batalha de hoje à noite. – alertou Auros
                -Droga, onde ele foi se meter? – resmungou Krurg – Bom, caso ele não apareça, vamos procurá-lo amanhã, precisamos de uma estratégia, o sol já está alto e as horas vão voar se não estivermos preparados.
                -Mas sou eu quem vai lutar com ele!
                O trolóide bateu a mão no ombro de Auros ,
                -A partir de agora bichano, temos um problema em comum, a partir de agora somos uma equipe.
                -Apenas fique fora da batalha contra o Crawler, a honra pelo nome de meu pai estará em jogo.
                Um plano foi montado, Felícia correu por toda a cidade naquela tarde alertando os moradores para ficarem abrigados a partir do momento que o sol tocar o horizonte, preferencialmente em seus abrigos mais seguros e porões, prometeu que aquilo não passaria do amanhecer. Auros e Lyza avisaram todos os acampamentos ao redor da cidade para que permanecessem onde estavam exceto no caso de serem atacados. Krurg ficou incumbido de cercar a entrada principal da cidade após um sinal, Felícia de aguardar no acampamento de tocaia, podendo ver a rua principal da cidade e aguardar caso Will retorna-se; e por fim Lyza ficaria na outra ponta da cidade conjurando uma barreira caso Crawler tenta-se fugir de forma covarde.
                A arapuca fora formada, o sol tocava no horizonte, Felícia acendeu a fogueira do acampamento e observou distante a cidade, portas e janelas se fechavam as pressas o cidade estava muda, apenas o vento  soprando entre as construções e a respiração de Auros no meio da rua central se destacavam. Uma luz esbranquiçada passou a se formar na saída da cidade e Krurg se “camuflava” na vegetação. Nenhum sinal de Will. A lua começava a brilhar, cheia em sua majestosa clareza, até ser encoberta por algumas nuvens.
                Uma silhueta surgira na estrada, Caminhava em passadas duras, lentas e despreocupadas, Humano. Trajava uma calça, botas, um colete e um sorriso sarcástico, era aparentemente grande e forte, era um bárbaro, era Crawler. Felícia jogou um líquido na fogueira deixando a fumaça azulada, era o sinal que o inimigo havia entrado na cidade. Lyza ao ver a fumaça gritou “Lumus Adverts” e jogou uma luz de cor avermelhada ao céu, Krurg se encontrava na entrada da cidade cercando tudo.
                Auros esperava  Crawler estático, o a aberração em sua forma humana parou de caminhar aproximadamente uns 4 metros do licantropo.
                -A cidade é tão decadente que só sobrou você e seus amiguinhos, pequeno tolo? -  Provocou Crawler.
                -Estão todos de luto pela sua morte esta noite Crawler, temos contas a acertar.
                -Não me lembro de você, provavelmente não foi meu adversário, caso contrario estaria jazendo uma cova agora.
                -MATOU MEU PAI DA ÚLTIMA VEZ QUE QUIS PROVOCAR O CAOS POR AQUI!! AGORA EU VOU VINGÁ-LO E TODOS QUE VOCÊ LEVOU COM ELE...
                -Humf! Sinceramente, a morte é tão cotidiana que não sei dizer quem matei há tanto tempo... Mas sei dizer que ele talvez não cheirasse como gato escaldado como sinto agora. Já falei demais, morra infeliz!
                Os dois se atracaram em golpes e tentativas de imobilização, rolaram pelo chão, foi uma coisa pequena, até a lua se revelar atrás das nuvens. O luar clareou a maior rua da cidade, onde o forasteiro jogou Auros com suas pernas para trás, e uivou aterrorizantemente como da última vez, rasgando suas próprias roupas e se transformando no Lobo Aberrante. Auros gritou, urrou, enfim rugiu, seu corpo metamorfoseou-se em um enorme felino, majestoso, rei dos animais, o leão.
                Uma rivalidade seria resolvida ali era um caso de vida ou morte, indo muito além das intrigas pessoais, das juras ou da compreensão humana, eram o lobo e o leão; dois inimigos naturais, levando sua guerra para outros planos de mente, de corpo, de transformação.
                O leão fez o primeiro movimento, saltou para cima do animal uivante na tentativa de morder e agarrá-lo com suas garras, porém Crawler era mais rápido, agarrou Auros pela juba e o lançou contra uma parede. O impacto foi forte que alguns tijolos caíram com a pancada. O fato de o Lobo Aberrante possuir uma postura mais ereta o ajudava em combate, isso o tornava um metamorfo excepcional. Andou na direção de Auros e ao erguer a garra aos céus para a retaliação o felino abre seus olhos e o pega de surpresa, salta acertando em cheio uma mordida no corpo do lobo aberrante que cambaleando para trás tenta se livrar do leão. Crawler não deixa por menos e arranha-o com suas garras, o rei dos animais se solta em meio a dor, os dois se encaram por alguns momentos, quando o olhar de ambos parecia vazio, suas formas transformadas lhe permitiram captar um som diferente. O grunhir da respiração de uma criatura não familiar fez ambos olharem para a entrada da cidade. O único movimento feito pelos dois foi para se esquivarem de Krurg sendo arremessado para a outra extremidade da rua quebrando com o próprio corpo a barreira conjurada por Lyza.
                Sim, aquele foi o único momento relatado que um Lobo Aberrante e um Homem-Leão foram amedrontados. Era maior que Crawler transformado, e mais imponente que Auros em sua hibridez. Andava em duas pernas, sua pele era avermelhada, seus membros avantajadamente fortes, uma cauda balançava durante seu caminhar, sua cabeça lembrava e muito um lagarto, porém mais monstruosa, ou melhor, mais dracônica. Expeliu uma pequena labareda de chamas de sua boca enquanto vinha caminhando com um olhar “sério”, focando os dois metamorfos. Felícia ao ver a chegada da criatura abandonou seu posto para tentar se juntar ao irmão em tempo; Krurg e Lyza estavam se recuperando da queda boquiabertos sobre o ser que se aproximava cada vez mais. O leão recuou, mas rugiu. O Lobo uivou , tomou espaço e saltou para cercar a criatura. A criatura nada mais fez além de olhar bem nos olhos de ambos e permanecer parada. Os rumos seriam outros a partir de agora

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