terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Episódio 10 - A Maldade Está Nos Olhos De Quem Vê.


                -Oi garotinha... quem é você? – Perguntou Lyza.
                - Eu? ... ...eu sou...  ....Aurora!  - respondeu a inocente criança sorrindo com olhos brilhantes.
                - Está sozinha Aurora? Está perdida?
                - Não, não, eu moro aqui! Naquela cabana!
                - Mas onde estão seus pais?
                - Vocês querem chá? Eu e o Sr. Jingles estamos tomando, puxem uma cadeira!
                E VULPT! Com um gesto de sua pequena mão, as cadeiras se mexeram, convidativas para serem sentadas, os outros arregalaram os olhos, Auros contorceu a sobrancelha desconfiado, Will estava estático como de costume, e Krurg boquiaberto.
                - Vamos! EU DISSE QUE É HORA DO CHÁ!
As cadeiras flutuaram e “conduziram” o grupo para a mesa, era impossível, desvia, cada cadeira seguia cada criatura ali presente.
- Não to gostando disso... – Resmungou Auros.
-Haja naturalmente, você não quer fazer o que eu sei que quer fazer Auros, ao menos não agora. – Assim disse Will, em tom baixo e discreto.

Logo, todos estavam ao redor da pequena mesa da garota, e Krurg visivelmente desconfortável naquela cadeira minúscula, olhando curioso para o urso de pelúcia que estava à sua frente. Aurora quebra o silêncio...
- Não é sempre que tenho visitas, eu e o Sr. Jingles, achávamos que ninguém mais passaria por aqui... O que os trazem pra dentro da floresta?
- Mekâniuns. – respondeu Will. Friamente, sem tirar os olhos da garota.
- Humm... Cidade perigosa essa; tem gente que nem lá chega...
- E o que uma pequena garotinha como você faz em uma floresta tão escura e mal falada?
- Eu moro aqui oras!
- Com seus pais?
- Não... Eles se foram... Há muito tempo...
-Muito tempo? – interferiu Lyza
- Sim...
- Nossa... Coitada...
Will alertou:
-Não toque nela Lyza!
- O que?
Krurg ainda olhava atento para o urso na cadeira, perplexo como aquilo parecia lhe olhar... Até que o urso piscou seus olhos...
- Lyza é uma ilusão!
- Que bobagem Will, olhe pra ela
- Ahn... gente... – sussurrou Krurg.
- Ela não é quem parece Lyza!
- Deixa de ser desconfiado Will!
- JÁ CHEGAAA! – ecoou a voz da garota furiosa no silêncio da floresta
Então, ela apertou com força a mãos pequenas na mesa que começaram a esfumaçar, Will tirou Lyza perplexa de perto e sacou sua espada, Auros e Krurg também se preparavam. FLUSH! Suas mão acenderam como bolas de fogo inflamadas, porem escuras, em um tom um pouco mais roxo em seu brilho; o urso aconteceu mesmo esfumaçou e inflamou.
- Sinto cheiro de magia, dê-me!
- Deixe a garota em paz Aurora, e nada acontecerá... – disse Auros.
- Cale-se! Sr. Jingles, pegue!
E a até então inocente garota, agora mostrara sua real natureza, jogou uma de suas bolas de fogo na direção de Auros, que ao se desviar, viu a cabana se incendiar, nisso, um rugido começou a vir do ursinho “Sr. Jingles”; vinha de longe, ecoando em nada, até que o objeto começou a se mover, retorcer, e foi crescendo, até tomar a forma de um urso negro enorme, com olhos vermelhos e patas semi-inflamadas.
Krurg partiu para cima do urso, auxiliado por Auros, enquanto Will defendia com a espada, as bolas de fogo jogadas pela criança, que hora ria como jovem garota, hora ria loucamente como uma pessoa louca e desequilibrada
Lyza atrás de Will começou a fazer alguns encantamentos, mas foi cortado por Will:
- Não, ela é mais forte e experiente que você, proteja-se, fique atrás da cabana!
- Mas Will...
- Eu disse pra ficar atrás da cabana!
E assim Lyza correu para atrás da cabana, de onde conseguia assitir ao longe, Auros e Krurg avançando contra o urso monstruoso, hora fugindo dele, hora rolando, hora batendo, hora apanhando; mas também via a tensão da garotinha encarando Will...
- Andarilho... Arrisca-se muitos mundos afora por um motivo único, mas agora encontraste teu túmulo!
- Desencante seu montro e deixe-nos ir Aurora, já tem energia suficiente para viver por aqui!
- Observador você... pois saiba que preciso de um estoque extra para digamos... trabalho! Hahahahahaha’  - e jogou mais uma bola de fogo, que ricocheteou na espada de Will, quase chegando onde Lyza observava;
- É tudo que pode fazer bruxa?
- Ah, você quer mais? Hahahahahaha
Sua risada ecoou em conjunto com que as chamas rodearam seu corpo, ela revelou sua forma real, uma forma feminina, não era jovem, não era velha, nem feia, era até atraente. Mas com a mudança, vem o perigo, parecia conjurar chamas cada vez maiores. Will estava recuando.
Enquanto isso o urso corria e pulava, era tão forte quanto o trollóide, fazendo o suar enquanto segurava suas garras bem próximas ao rosto, Auros agarrava-se nas costas da fera, mas não conseguia um momento estável para cravar suas garras nela.
Voltando à tensão de Will, ele estava ficando sem espaço,
A bruxa lançava suas esferas cada vez maiores nele, até que ele encostou as costas em uma grande arvore, ela prosseguiu gargalhando cada vez mais alto e rápido, Will, abaixou a cabeça por um momento, ergueu-a; Aurora lançou com força um de seus projéteis, Will o golpeou com a espada fazendo com  quem fosse jogado para outros lados, atingindo o urso de Aurora, que enfurecida preparou-se para uma grande conjuração, abriu os braços, fechou os olhos e concentrou-se, Will tentou avançar em sua direção, mas ao abrir os olhos novamente soltou um grito, alto e agudo, todos taparam os ouvidos; Ela não parava, as chamas de todo o local começaram a se mover, para suas mãos, era mais que perigoso, era amedrontador.
Quando parou de gritar, havia uma grande, enorme esfera de fogo obscuro ao seu lado, silenciou-se, respirou fundo apontou a mão direita na direção de Will, a esfera começou a tomar impulso. Will correu, para a grande árvore. Não tinha outro caminho.


domingo, 9 de outubro de 2011

Episódio 9 - Uma Pequena Surpresa...

Todos olham Will, antes tão sonolento, molenga e impossível de se acordar, agora de pé, em forma, com olhar inspirador, um meio sorriso e o peito inflado tomando o fôlego que indica sua sede de aventura.
                - Will?!?! Você finalmente acordou! – Gritou Lyza cortando a cara-de-pau de Will, indo na direção dele sorridente, porém é parada por Krurg,
                - Onde você estava andarilho? Queremos algumas respostas antes de prosseguir...
                - Como assim “Onde eu estava”? Eu estava aqui! Ah você deve estar falando da hibernação? Bem eu me encantei com o Hibertatius quando estava dentro da barraca... Não aconteceu nada mais do que eu ter dormido para curar o ferimento no braço, vejm – e arregaçou a manga esquerda mostrando a leve cicatriz...
                -Krurg, se ele for sonâmbulo, não vai saber, ou ao menos, nem contar, vamos “esquecer” isso desta vez ok? – Lyza cochichou para o trolóide que concordou com a cabeça e entonou:
                - Muito bem, andarilho; o sol ficará alto em breve e seria uma boa hora para partir, pra onde vamos agora? Já que é você que está “comandando” essa equipe...
                - Mekâniuns, a cidade das máquinas, fica perto daqui segundo o mapa, podemos encontrar algo que eu preciso por lá, além dar um geral nas armas nos muitos ferreiros que lá existem...
                Felícia cortou-o:
                ­- Olha gracinha, desculpa cortar seus planos, mas você vai gastar ao menos uns 3 dias só pra contornar a montanha veja...
                - Não, há uma trilha quase reta através dessa floresta.
                - Mas esta é a floresta da perdição! Nem nome foi dado à ela, nós de Urbenalis damos preferência dar a volta na montanha do que atravessar a floresta, é... perigoso!
                - Olha gatinha (sorriso sarcástico) 3 dias é muito tempo, um dia e meio deve ser o máximo que gastaríamos pela floresta, não há o que temer quando se tem coragem e uma boa equipe, certo pessoal?
                Lyza e Krurg gaguejaram, tossiram, disfarçam e meio relutantes concordaram com Will, dentre eles, Auros dá um passo a frente.
                - Eu irei com eles irmã, Urbenallis poderá se beneficiar se houver uma passagem segura até Mekânius...
                - Mas irmão... e quem vai comandar a guarda da cidade? Os acampamentos, as equipes internas...
                -Não há ninguém mais confiável do que alguém com o mesmo sangue que eu; cuide bem da cidade em minha ausência Felícia...
                Felícia deixou uma lágrima escorrer pelo rosto e abraçou fortemente o irmão, o momento era bem tocante, isso se não fosse por Krurg,
                - Tá bom, tá bom, vou ficar com diabetes nesse amor fraternal tão meloso, argh! Andarilho, pequena e bichano, arrumem as malas, vamos partir ao meio-dia!

                E como dito, ao meio dia eles partiram, encararam o sol forte até adentrar dentro da floresta, fria, húmida e escura. O crepitar das folhas e galhos ao chão a cada passo ecoava pelo silêncio do local, não é a toa que os boatos eram fortes, a floresta era mesmo horripilante, mas nada assustador para Will, Krurg e Auros,  enquanto Lyza, não desgrudava da capa de Will, sim, era hilário.
                A viagem seguia “normal” até que um som percorreu a floresta junto com o uivar do vento, era algo sombrio e infantil... “Hihihi...” chamou a atenção do grupo, que ao procurar a origem do som com os olhos, em vão. Contnuaram caminhando, e a floresta começava a se tornar mais densa. “Hihihihi...” soou novamente, mais forte, Lyza começou a entrar em pânico, auros ficou atento à retaguarda e Will sacou a espada...
                “Hihihi...” Era perturbador.
                Logo, a mata fechada acabou, e se depararam com algo que seria meigo, se não fosse ao meio daquele local. Uma garotinha, pequena e delicada, em frente a uma cabana, em uma pequena mesinha, tomava chá, com um pequeno urso de pelúcia do seu lado.
                -Hihi, vocês vieram brincar também?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

NOTA DO AUTOR

Olá pra todos vocês que são fãs de A História de Uma Lenda.
Bom, eu gostaria primeiramente de me desculpar pela estacionada que foi dada ao blog, as postagens e enfim, tudo...

veio por meio dessa postagem comunicar que em breve, AHDUL estará voltando à todo vapor nos trilhos de sua história, rodeada de mistérios, aventura, ação e magia,
Um forte abraço para vocês e até mais,

Wes

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Episódio 8 - Encontro, Sono e Indiferença.

            -Palpite? Como assim “palpite”? O que você está querendo dizer com isso Krurg??
            -Esquece... melhor eu verificar antes, vem!
            -Aonde você vai?
            -Não perco por nada a briga desses dois, venha Lyza!
            Tanto Krurg quanto Lyza saíram correndo na mesma direção pra onde correu o Frenético atrás da criatura que voou, enquanto isso, Felícia e Auros permaneceram no mesmo local. Crawler estava no mesmo local também, imóvel.
            -Auros, fala comigo Auros! Auros!
            -Aargh... Que pancada essa... – Auros foi lentamente voltando a forma humana e se levantando em seguida.
            -Você está bem? Consegue caminhar sozinho?
            -Consigo... – e mancando ele foi andando próximo ao corpo de Crawler caído ao chão.
            -Ele está... ?
            -Morto? Não... Mas foi desacordado... Pelo visto não é à toa que chamam aquilo de Frenético Rubro... ai....
            -E agora? Vocês vão continuar?
            -Não. Luto por vingança, mas acima de tudo pela honra do meu pai. Sendo assim, o pai nunca atacaria um homem desacordado, mesmo se tratando disto aqui... Além do mais, eu não estou em condições de luta agora também... Chame outros guerreiros dos acampamentos, mande-os levar ele para o outro lado do rio, eu tenho certeza que ele vai fugir quando acordar pela manhã, mas mesmo assim, não deixe abaixarem a guarda. Diga que a ordem foi MINHA e que é apenas isto, meu destino e o dele ainda se cruzarão por mais uma vez pelo jeito...

            Algumas horas depois, no acampamento de Auros e Felícia; ela está tratando os ferimentos dele quando chegam Lyza e Krurg.
-Olha só o que nós encontramos perdido do outro lado da floresta...
            Krurg dá um passo para o lado e revela quem ele estava puxando pelo braço; Will. Auros e Felícia olham para ele com certo espanto, principalmente porque ele dormia profundamente. Auros não se conteve e perguntou:
            -Onde ele estava? Seria de grande ajuda contra aquela cria de Quinquicipes, não seria?
            -O Achamos há cerca de uma hora, e por incrível que pareça... Ele ta dormindo desde àquela hora...
            -OO QUEEE??? – Cortou Felícia – MAS, MAS, E OS DOIS MONSTROS?? Ele não viu? Não viram ele? Hein??
            -Na minha hipótese, eu e Lyza acreditamos que ele tenha se escondido, agora sabe-se lá Deus por que ele dorme tanto, a gente tentou acordar, mas sem sucesso; eu tentei mas não encontrei nenhum rastro de como ele foi parar lá, pois tava bem no meio do caminho por onde o Frenético passou, eu vi as pegadas, porém as do Will... Vinham no sentido oposto e não tinham continuação, ou seja, ele devo ter visto a batalha de outro ângulo que não foi nosso e depois tentou rumar de novo para a cidade seguindo as pegadas do monstro...
            A reflexão foi cortada pela pergunta ansiosa de Auros;
            -E a luta dos dois? Como foi?
            -Bom, a gente seguiu os dois pela lateral da floresta para tomar a dianteira né; aí a gente achou um lugar iluminado, tava voando bola de fogo pra todo lado, inclusive o Krurg mandou eu conjurar uma barreira pra evitar “acidentes”... A criatura que voou ficou de costas pra gente a maior parte da luta, foi tudo muito rápido até que os dois lançaram uma baforada inflamada, parecia que a do frenético ia tostar tudo de tão grande, até que a do outro foi aumentando, aumentando, aumentando até se igualar, mas ele foi descendo ao mesmo tempo também, até tocar o solo, a claridade e o calor era forte, pra ver tudo com detalhes, pelo que eu consegui ver ele foi andando até o Frenético e BUM! Quando voltamos os olhos pra lá de novo só tinha muita coisa queimada, uma grande cratera no chão e nada mais, quando a gente voltava pelo caminho contrário, achamos o dorminhoco ali e voltamos pro acampamento. Nada mais...
            -Estranho... – resmungou Auros, - Ele não tem  marcas de ferimentos, nada?
            -Não... ele só está empoeirado assim porque o Krurg insistiu em vim arrastando ele pra ver se acordava...
-O que foi? Eu achei que funcionaria, não ,me olhem com essas caras não! – Retrucou Krurg em meio aos olhares de sarcasmo.
-Bom, não tem muito que possamos fazer, acho, vamos descansar o resto da noite, deve ser o que ele faria...
            Todos concordaram com Lyza, e descansaram até a manhã seguinte, o sol começava a raiar, parte do grupo acordou mais cedo e a outra parte acordou ao ouvir a voz de Will.
            -Bom dia pessoal; o que temos de bom pra hoje?

sábado, 13 de agosto de 2011

Episódio 7 - O medo, a sombra, a chama.

                O ar de desafio era tão denso que entupiria uma artéria. Aquele ser enorme de olhar ameaçador parecia convidar Crawler e Auros para uma batalha, porém não abriu a boca para uma palavra. Apenas pequenas labaredas saíam entre uma respiração e outra. A ‘calma’ da criatura era tão visível quanto seu desafio. Mas afinal, o que era aquilo? Na verdade, todos sabiam, mas se negavam até em pronunciar, era uma Cria de Quinquicipes, a criatura mãe da maldade nos dragões, porém até então nunca se tinha visto há décadas criaturas dracônicas com freqüência, algumas mistas, mas nada muito incomum...
                Cria Vermelha Frenética, ou Frenético Rubro como é também chamado, é fruto da magia obscura de Quinquicipes, assim como outros tipos de crias. Criado pra cumprir suas ordens com extrema rigidez seria um mercenário perfeito se não fosse um capanga da obscuridade; força sobre-humana, determinação de ferro, habilidades semelhantes à magia (concedidas pela sua linhagem dracônica), e vitalidade surpreendente. A prova de sua força é constada pela posse de sua arma. Assim que se tornam adultos, para se tornarem Frenéticos Rubros dignos, devem passar por um teste feito pela sua criadora: Matar um dragão de Bronze e assim com seu crânio construir uma espécie de lâmina que ele usará em seu braço.
                Depois de alguns momentos o encarando-se, Crawler faz o primeiro movimento, avança ferozmente pra cima do Frenético, ao se aproximar ele se inclina para golpeá-lo com o ombro; em vão. O impacto nem afetou muito o Frenético Rubro que apenas agiu como se tivesse sido esbarrado, aparentemente deu meio passo para a lateral apenas, então, chutou o lobo aberrante derrubando-o . Auros manteve-se na retaguarda, hora rugia, hora dava um passo para trás. Sim, um dos grandes senhores mamíferos estava com medo. Principalmente ao ver crawler tomar golpes lentos porém dolorosamente  visíveis.
                Um assobio leve cortou o ar, Lyza se aproximava junto com Krurg e lançou uma bola de fogo na criatura, o que chamou a atenção dela, péssima idéia. O nome “Frenético” não é à toa, ela se prontifica a aniquilar qualquer criatura que aceitara seu desafio visual e ataca em foco o último ser que lhe aplicou dano. O monstro se vira para a direção de Lyza e comece a andar, a garota começa a ficar com medo, conjura e lança mais uma bola de fogo, o Frenético abocanha como se fosse um torrão de açúcar no ar, Krurg não deixa por menos e lança uma de suas boleadeiras, que vira cinzas em uma rajada flamejante que o monstro vermelho cuspiu.
                Nem sequer chegam perto de intimar o Frenético Rubro, ao longe, Auros vê Felícia correndo distante, seu olhar diz que ela pretender atacar a criatura, que continua avançando contra Lyza e Krurg. Ele salta na frente do grande dracônico e rugi, a criatura para, bufa uma pequena chama e fica atônita, Auros torna a rugir novamente mostrando a imponência de sua transformação, mas é golpeado pelo antebraço dela, jogando-a para longe.
                Krurg saca sua espada, e golpeia a criatura, o corte não foi tão profundo, leve como um arranhão, mas impertinente o suficiente para enfurecer o Frenético, que o agarra pelo pescoço e o ergue, vai estrangulá-lo. É vista uma enorme bola de fogo cortando o ar zunindo. Ela explode logo ao lado do Frenético fazendo o saltar e soltar o trolóide.
                -Boa Lyza, agora eu gostei de ver! – agradeceu o trolóide.
                -Mas não fui eu, veio dali! – e Lyza aponta para um beco escuro da cidade.
                Os olhares se voltam para as sombras, da onde reluziam dois olhos verdes em destaque, brilhavam levemente; nada amedrontante, nada convidativo, apenas misterioso. Outro ser estava presente no local, porém ainda não havia revelado sua forma; se é que possuía uma. A cidade de Urbenalis, talvez não fosse mais a mesma depois dessa guerra particular dentre os seres que estavam ali, a determinação de Auros e Crawler, a sede de destruição do Frenético Rubro, e o tamanho da bola lançada pela criatura nas sombras revelaram-se até então destruidoras, até quando os habitantes estariam seguros dentro de seus abrigos?
                Felícia aproxima do local da batalha e vê Auros caído, e core para ajudar o irmão, o Frenético passa sobre os dois e começa a andar em velocidade consideravelmente mais rápida, está em seus movimentos e em sua natureza que agora irá atacar a criatura misteriosa, será mais do que uma luta de criaturas, será um desastre, a cidade nunca teve que passar por essas coisas antes.
                O enorme vulto vermelho aumentava sua velocidade rumo à escuridão, da onde partiam bolas e mais bolas de fogo enormes, as quais eram rebatidas pela lâmina do Frenético. A aproximação era cada vez maior, o grande dracônico some nas sombras. Reinou um breve silêncio. Então, sons similares a pequenos grunhidos, rugidos ou algo assim, respiração profunda e algumas batidas eram ouvidas, até que o corpo do Frenético foi jogado pra fora do beco, e aos céus a criatura subiu, revelou um grande par de asas, um corpo quase humano, e não se via muita coisa mais, pois cuspiu chamas tão claras que ofuscaram a vista dos presentes, quando terminou, ele estava se virando e rumando de volta para a floresta, o Frenético Rubro deu um urro de fúria colossal e saiu correndo atrás da criatura, para além dos domínios da cidade...
                -O que era aquilo? O que foi que aconteceu?  - perguntou Lyza para Krurg.
                -Ainda não sei...              mas tenho um palpite...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Episódio 6 - Tenha Medo Do Desconhecido

                A manhã toda foi perdida na tentativa frustrada de encontrar Will, Auros estava inquieto, o faro de Felícia não localizou nada e Krurg mesmo como um caçador de recompensas habilidoso não conseguiu ir além do riacho próximo do acampamento.
                -Não há muito o que fazer, os outros grupos me informaram agora há pouco que um bárbaro foi relatado próximo à cidade, precisamos nos preparar para a batalha de hoje à noite. – alertou Auros
                -Droga, onde ele foi se meter? – resmungou Krurg – Bom, caso ele não apareça, vamos procurá-lo amanhã, precisamos de uma estratégia, o sol já está alto e as horas vão voar se não estivermos preparados.
                -Mas sou eu quem vai lutar com ele!
                O trolóide bateu a mão no ombro de Auros ,
                -A partir de agora bichano, temos um problema em comum, a partir de agora somos uma equipe.
                -Apenas fique fora da batalha contra o Crawler, a honra pelo nome de meu pai estará em jogo.
                Um plano foi montado, Felícia correu por toda a cidade naquela tarde alertando os moradores para ficarem abrigados a partir do momento que o sol tocar o horizonte, preferencialmente em seus abrigos mais seguros e porões, prometeu que aquilo não passaria do amanhecer. Auros e Lyza avisaram todos os acampamentos ao redor da cidade para que permanecessem onde estavam exceto no caso de serem atacados. Krurg ficou incumbido de cercar a entrada principal da cidade após um sinal, Felícia de aguardar no acampamento de tocaia, podendo ver a rua principal da cidade e aguardar caso Will retorna-se; e por fim Lyza ficaria na outra ponta da cidade conjurando uma barreira caso Crawler tenta-se fugir de forma covarde.
                A arapuca fora formada, o sol tocava no horizonte, Felícia acendeu a fogueira do acampamento e observou distante a cidade, portas e janelas se fechavam as pressas o cidade estava muda, apenas o vento  soprando entre as construções e a respiração de Auros no meio da rua central se destacavam. Uma luz esbranquiçada passou a se formar na saída da cidade e Krurg se “camuflava” na vegetação. Nenhum sinal de Will. A lua começava a brilhar, cheia em sua majestosa clareza, até ser encoberta por algumas nuvens.
                Uma silhueta surgira na estrada, Caminhava em passadas duras, lentas e despreocupadas, Humano. Trajava uma calça, botas, um colete e um sorriso sarcástico, era aparentemente grande e forte, era um bárbaro, era Crawler. Felícia jogou um líquido na fogueira deixando a fumaça azulada, era o sinal que o inimigo havia entrado na cidade. Lyza ao ver a fumaça gritou “Lumus Adverts” e jogou uma luz de cor avermelhada ao céu, Krurg se encontrava na entrada da cidade cercando tudo.
                Auros esperava  Crawler estático, o a aberração em sua forma humana parou de caminhar aproximadamente uns 4 metros do licantropo.
                -A cidade é tão decadente que só sobrou você e seus amiguinhos, pequeno tolo? -  Provocou Crawler.
                -Estão todos de luto pela sua morte esta noite Crawler, temos contas a acertar.
                -Não me lembro de você, provavelmente não foi meu adversário, caso contrario estaria jazendo uma cova agora.
                -MATOU MEU PAI DA ÚLTIMA VEZ QUE QUIS PROVOCAR O CAOS POR AQUI!! AGORA EU VOU VINGÁ-LO E TODOS QUE VOCÊ LEVOU COM ELE...
                -Humf! Sinceramente, a morte é tão cotidiana que não sei dizer quem matei há tanto tempo... Mas sei dizer que ele talvez não cheirasse como gato escaldado como sinto agora. Já falei demais, morra infeliz!
                Os dois se atracaram em golpes e tentativas de imobilização, rolaram pelo chão, foi uma coisa pequena, até a lua se revelar atrás das nuvens. O luar clareou a maior rua da cidade, onde o forasteiro jogou Auros com suas pernas para trás, e uivou aterrorizantemente como da última vez, rasgando suas próprias roupas e se transformando no Lobo Aberrante. Auros gritou, urrou, enfim rugiu, seu corpo metamorfoseou-se em um enorme felino, majestoso, rei dos animais, o leão.
                Uma rivalidade seria resolvida ali era um caso de vida ou morte, indo muito além das intrigas pessoais, das juras ou da compreensão humana, eram o lobo e o leão; dois inimigos naturais, levando sua guerra para outros planos de mente, de corpo, de transformação.
                O leão fez o primeiro movimento, saltou para cima do animal uivante na tentativa de morder e agarrá-lo com suas garras, porém Crawler era mais rápido, agarrou Auros pela juba e o lançou contra uma parede. O impacto foi forte que alguns tijolos caíram com a pancada. O fato de o Lobo Aberrante possuir uma postura mais ereta o ajudava em combate, isso o tornava um metamorfo excepcional. Andou na direção de Auros e ao erguer a garra aos céus para a retaliação o felino abre seus olhos e o pega de surpresa, salta acertando em cheio uma mordida no corpo do lobo aberrante que cambaleando para trás tenta se livrar do leão. Crawler não deixa por menos e arranha-o com suas garras, o rei dos animais se solta em meio a dor, os dois se encaram por alguns momentos, quando o olhar de ambos parecia vazio, suas formas transformadas lhe permitiram captar um som diferente. O grunhir da respiração de uma criatura não familiar fez ambos olharem para a entrada da cidade. O único movimento feito pelos dois foi para se esquivarem de Krurg sendo arremessado para a outra extremidade da rua quebrando com o próprio corpo a barreira conjurada por Lyza.
                Sim, aquele foi o único momento relatado que um Lobo Aberrante e um Homem-Leão foram amedrontados. Era maior que Crawler transformado, e mais imponente que Auros em sua hibridez. Andava em duas pernas, sua pele era avermelhada, seus membros avantajadamente fortes, uma cauda balançava durante seu caminhar, sua cabeça lembrava e muito um lagarto, porém mais monstruosa, ou melhor, mais dracônica. Expeliu uma pequena labareda de chamas de sua boca enquanto vinha caminhando com um olhar “sério”, focando os dois metamorfos. Felícia ao ver a chegada da criatura abandonou seu posto para tentar se juntar ao irmão em tempo; Krurg e Lyza estavam se recuperando da queda boquiabertos sobre o ser que se aproximava cada vez mais. O leão recuou, mas rugiu. O Lobo uivou , tomou espaço e saltou para cercar a criatura. A criatura nada mais fez além de olhar bem nos olhos de ambos e permanecer parada. Os rumos seriam outros a partir de agora

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Episódio 5 - Sangue Inocente, Vinganças Juradas.

O silêncio da noite era tão perceptível como a grande lua quase cheia que reinava no céu; era como se além de Krurg e Lyza, todo o ambiente houvesse tomado voto de silêncio para ouvir Felícia narrando a história de Urbenalis, enquanto Auros e Will repousavam; apenas ouviam-se os estalos da madeira semi-seca na fogueira...
- “Há alguns anos Urbenalis ainda era uma cidade mista, Herdeiros, humanos, anões, e outras raças viviam em perfeita ‘harmonia’ naquela cidade. Não havia nenhuma discriminação se você tivesse escamas sobre o corpo, uma longa cauda ou se você se transformava durante a lua cheia, era uma cidade como outra qualquer até a chegada de um bárbaro, foi em uma noite chuvosa, ele havia chegado à taberna da cidade, bebeu tulipas e mais tulipas de cerveja e cálices de hidromel, não demonstrou uma mínima tontura. Madrugada adentro ele ficou entornando bebidas. O dia virou, o sol brotou no horizonte, o dono da taberna disse que precisava fechar o estabelecimento para descanso, ele se recusou; o proprietário era um herdeiro do touro, era alto e extremamente forte, tinha pequenos chifres na cabeça e usava uma argola dourada no nariz como adorno. Pois bem, o bárbaro levantou-se nervoso e desafiou o herdeiro para um duelo, dizia que seria tudo ou nada, e que sua raiva aumentava seu apetite de sangue; como nunca perdera uma luta para um humano o desafio foi aceito. Eram sete da manhã quando os dois se encaravam na rua principal da cidade, o sol começava a banhar fracamente o chão feito de paralelepípedos levemente esverdeados quando os dois começaram a lutar, a vantagem era do taberneiro, como era de se esperar, e quem parava para assistir já estava crente que ele colocaria o bárbaro para fora da cidade. Foi então que tudo mudou quando o bárbaro ergueu o cidadão e o lançou longe. Certo, era um bárbaro, força bruta é sua sina, mas as mães correram com seus filhos no colo e os homens da cidade se prepararam para um perigo desconhecido. O bárbaro via-se em fúria, seus olhos indicavam a cegueira do ódio, e a face do horror, ele uivou, um longo uivo grotesco e sombrio ecoou na cidade, quando o uivo acabou, ele estava terminando de se transformar; uma criatura era horrenda, ou melhor, uma aberração. Um grande lobo de dois metros de altura, com membros visivelmente mais fortes, dentes e garras afiadíssimas, andava em duas patas curvado para frente, possuía placas saindo do meio de sua pelagem cinza escura. Covardemente ele agarrou o taberneiro pelas costas enquanto se levantava, rasgou-o com suas garras brutalmente, aqueles que se aproximaram sofreram a conseqüência de sua fúria, ao longe foram jogados ou perfurados até a morte com garras ou dentes, a guarda da cidade se juntou e por meio de ameaças e avanços fizeram com que a aberração se retirasse da cidade, mas isso custou a vida do chefe da guarda quando o lobo quebrou uma de suas placas pontiagudas e a lançou contra os oficiais... Ele jurou então voltar na lua cheia e executar a chacina em todo morador deste local, e para que ninguém esquecesse; ele gravou com suas próprias garras na placa de entrada da cidade as seguintes palavras: ‘Lua cheia Crawler lobo aberrante volta’. Desde então, os guerreiros mais fortes da cidade montam acampamento em torno dela; já se passaram 5 luas cheias sem sinal dele, mas eu e Auros ainda não desistiremos, pois o chefe da guarda, que foi morto na tentativa de defender a cidade... Era nosso pai... “– Uma lágrima desceu o rosto de Felícia após a última frase.
A herdeira senta-se ao chão e fica a remexer as brasas com um pedaço de madeira e um olhar melancólico. Lyza vira e revira páginas de seu livro, até quebrar o silêncio
-Bem, não tem muito aqui sobre lobos aberrantes... Mas são licantropos como qualquer outros... err... sem ofensa aos presentes... foram criados em cultos malignos em forma de sacrifício, porém a experiência saiu errada e a raça se desenvolverá, são violentos e vingativos... e... e... e mais nada, é o que tenho.
-Ótimo temos uma lua cheia amanhã e tudo que sabemos é que estamos à mercê de um “lulú” sanguinário de dois metros de altura. To vendo que vou ter que fazer da maneira antiga mesmo... – Resmungou Krurg.
-Não é necessário! – Auros sai de sua barraca, agora com sua forma humana – Amanhã é lua cheia, licantropos estão no auge de sua força, eu sou um deles, eu vou matá-lo de igual para igual, e vingar o sangue inocente derramado nesta cidade.
-Sozinho? E o que o bichano pensa que vai fazer? Você acaba de tomar um sopapo do andarilho ali que ta dormindo ali na barraca.
-Amanhã não ficarei na forma híbrida, me transformarei por completo, o rei das selvas reinará em seu território. ele saberá o que é um licantropo de Urbenalis...
-Mas ele não matou vários da ultima vez?
-Aí que você se engana grande esverdeado, sabe-se lá porque ele só atacou herdeiros naquela manhã... eu serei o primeiro e o último licantropo que Crawler vai enfrentar no chão desta cidade.
Via-se o ódio e a sede de vingança no tom de voz de Auros. Krurg apenas concordou com a cabeça, não era o melhor momento para contrariá-lo. E assim passaram o resto da noite, em frente ao crepitar da fogueira, trocando informações, táticas, conhecimentos, enfim se conhecendo e formando uma aliança.
A manhã veio e trouxe com ela as gotas de orvalho sobre as barracas e o apagar das brasas. Todos estavam se levantando quando uma sonora inspiração de ar toma conta do acampamento, Lyza está em frente à barraca onde Will estava, semi desmontada, ainda com a capa, e a mochila dele dentro; a espada havia sido levada. Onde estará Will?