sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Episódio 8 - Encontro, Sono e Indiferença.

            -Palpite? Como assim “palpite”? O que você está querendo dizer com isso Krurg??
            -Esquece... melhor eu verificar antes, vem!
            -Aonde você vai?
            -Não perco por nada a briga desses dois, venha Lyza!
            Tanto Krurg quanto Lyza saíram correndo na mesma direção pra onde correu o Frenético atrás da criatura que voou, enquanto isso, Felícia e Auros permaneceram no mesmo local. Crawler estava no mesmo local também, imóvel.
            -Auros, fala comigo Auros! Auros!
            -Aargh... Que pancada essa... – Auros foi lentamente voltando a forma humana e se levantando em seguida.
            -Você está bem? Consegue caminhar sozinho?
            -Consigo... – e mancando ele foi andando próximo ao corpo de Crawler caído ao chão.
            -Ele está... ?
            -Morto? Não... Mas foi desacordado... Pelo visto não é à toa que chamam aquilo de Frenético Rubro... ai....
            -E agora? Vocês vão continuar?
            -Não. Luto por vingança, mas acima de tudo pela honra do meu pai. Sendo assim, o pai nunca atacaria um homem desacordado, mesmo se tratando disto aqui... Além do mais, eu não estou em condições de luta agora também... Chame outros guerreiros dos acampamentos, mande-os levar ele para o outro lado do rio, eu tenho certeza que ele vai fugir quando acordar pela manhã, mas mesmo assim, não deixe abaixarem a guarda. Diga que a ordem foi MINHA e que é apenas isto, meu destino e o dele ainda se cruzarão por mais uma vez pelo jeito...

            Algumas horas depois, no acampamento de Auros e Felícia; ela está tratando os ferimentos dele quando chegam Lyza e Krurg.
-Olha só o que nós encontramos perdido do outro lado da floresta...
            Krurg dá um passo para o lado e revela quem ele estava puxando pelo braço; Will. Auros e Felícia olham para ele com certo espanto, principalmente porque ele dormia profundamente. Auros não se conteve e perguntou:
            -Onde ele estava? Seria de grande ajuda contra aquela cria de Quinquicipes, não seria?
            -O Achamos há cerca de uma hora, e por incrível que pareça... Ele ta dormindo desde àquela hora...
            -OO QUEEE??? – Cortou Felícia – MAS, MAS, E OS DOIS MONSTROS?? Ele não viu? Não viram ele? Hein??
            -Na minha hipótese, eu e Lyza acreditamos que ele tenha se escondido, agora sabe-se lá Deus por que ele dorme tanto, a gente tentou acordar, mas sem sucesso; eu tentei mas não encontrei nenhum rastro de como ele foi parar lá, pois tava bem no meio do caminho por onde o Frenético passou, eu vi as pegadas, porém as do Will... Vinham no sentido oposto e não tinham continuação, ou seja, ele devo ter visto a batalha de outro ângulo que não foi nosso e depois tentou rumar de novo para a cidade seguindo as pegadas do monstro...
            A reflexão foi cortada pela pergunta ansiosa de Auros;
            -E a luta dos dois? Como foi?
            -Bom, a gente seguiu os dois pela lateral da floresta para tomar a dianteira né; aí a gente achou um lugar iluminado, tava voando bola de fogo pra todo lado, inclusive o Krurg mandou eu conjurar uma barreira pra evitar “acidentes”... A criatura que voou ficou de costas pra gente a maior parte da luta, foi tudo muito rápido até que os dois lançaram uma baforada inflamada, parecia que a do frenético ia tostar tudo de tão grande, até que a do outro foi aumentando, aumentando, aumentando até se igualar, mas ele foi descendo ao mesmo tempo também, até tocar o solo, a claridade e o calor era forte, pra ver tudo com detalhes, pelo que eu consegui ver ele foi andando até o Frenético e BUM! Quando voltamos os olhos pra lá de novo só tinha muita coisa queimada, uma grande cratera no chão e nada mais, quando a gente voltava pelo caminho contrário, achamos o dorminhoco ali e voltamos pro acampamento. Nada mais...
            -Estranho... – resmungou Auros, - Ele não tem  marcas de ferimentos, nada?
            -Não... ele só está empoeirado assim porque o Krurg insistiu em vim arrastando ele pra ver se acordava...
-O que foi? Eu achei que funcionaria, não ,me olhem com essas caras não! – Retrucou Krurg em meio aos olhares de sarcasmo.
-Bom, não tem muito que possamos fazer, acho, vamos descansar o resto da noite, deve ser o que ele faria...
            Todos concordaram com Lyza, e descansaram até a manhã seguinte, o sol começava a raiar, parte do grupo acordou mais cedo e a outra parte acordou ao ouvir a voz de Will.
            -Bom dia pessoal; o que temos de bom pra hoje?

sábado, 13 de agosto de 2011

Episódio 7 - O medo, a sombra, a chama.

                O ar de desafio era tão denso que entupiria uma artéria. Aquele ser enorme de olhar ameaçador parecia convidar Crawler e Auros para uma batalha, porém não abriu a boca para uma palavra. Apenas pequenas labaredas saíam entre uma respiração e outra. A ‘calma’ da criatura era tão visível quanto seu desafio. Mas afinal, o que era aquilo? Na verdade, todos sabiam, mas se negavam até em pronunciar, era uma Cria de Quinquicipes, a criatura mãe da maldade nos dragões, porém até então nunca se tinha visto há décadas criaturas dracônicas com freqüência, algumas mistas, mas nada muito incomum...
                Cria Vermelha Frenética, ou Frenético Rubro como é também chamado, é fruto da magia obscura de Quinquicipes, assim como outros tipos de crias. Criado pra cumprir suas ordens com extrema rigidez seria um mercenário perfeito se não fosse um capanga da obscuridade; força sobre-humana, determinação de ferro, habilidades semelhantes à magia (concedidas pela sua linhagem dracônica), e vitalidade surpreendente. A prova de sua força é constada pela posse de sua arma. Assim que se tornam adultos, para se tornarem Frenéticos Rubros dignos, devem passar por um teste feito pela sua criadora: Matar um dragão de Bronze e assim com seu crânio construir uma espécie de lâmina que ele usará em seu braço.
                Depois de alguns momentos o encarando-se, Crawler faz o primeiro movimento, avança ferozmente pra cima do Frenético, ao se aproximar ele se inclina para golpeá-lo com o ombro; em vão. O impacto nem afetou muito o Frenético Rubro que apenas agiu como se tivesse sido esbarrado, aparentemente deu meio passo para a lateral apenas, então, chutou o lobo aberrante derrubando-o . Auros manteve-se na retaguarda, hora rugia, hora dava um passo para trás. Sim, um dos grandes senhores mamíferos estava com medo. Principalmente ao ver crawler tomar golpes lentos porém dolorosamente  visíveis.
                Um assobio leve cortou o ar, Lyza se aproximava junto com Krurg e lançou uma bola de fogo na criatura, o que chamou a atenção dela, péssima idéia. O nome “Frenético” não é à toa, ela se prontifica a aniquilar qualquer criatura que aceitara seu desafio visual e ataca em foco o último ser que lhe aplicou dano. O monstro se vira para a direção de Lyza e comece a andar, a garota começa a ficar com medo, conjura e lança mais uma bola de fogo, o Frenético abocanha como se fosse um torrão de açúcar no ar, Krurg não deixa por menos e lança uma de suas boleadeiras, que vira cinzas em uma rajada flamejante que o monstro vermelho cuspiu.
                Nem sequer chegam perto de intimar o Frenético Rubro, ao longe, Auros vê Felícia correndo distante, seu olhar diz que ela pretender atacar a criatura, que continua avançando contra Lyza e Krurg. Ele salta na frente do grande dracônico e rugi, a criatura para, bufa uma pequena chama e fica atônita, Auros torna a rugir novamente mostrando a imponência de sua transformação, mas é golpeado pelo antebraço dela, jogando-a para longe.
                Krurg saca sua espada, e golpeia a criatura, o corte não foi tão profundo, leve como um arranhão, mas impertinente o suficiente para enfurecer o Frenético, que o agarra pelo pescoço e o ergue, vai estrangulá-lo. É vista uma enorme bola de fogo cortando o ar zunindo. Ela explode logo ao lado do Frenético fazendo o saltar e soltar o trolóide.
                -Boa Lyza, agora eu gostei de ver! – agradeceu o trolóide.
                -Mas não fui eu, veio dali! – e Lyza aponta para um beco escuro da cidade.
                Os olhares se voltam para as sombras, da onde reluziam dois olhos verdes em destaque, brilhavam levemente; nada amedrontante, nada convidativo, apenas misterioso. Outro ser estava presente no local, porém ainda não havia revelado sua forma; se é que possuía uma. A cidade de Urbenalis, talvez não fosse mais a mesma depois dessa guerra particular dentre os seres que estavam ali, a determinação de Auros e Crawler, a sede de destruição do Frenético Rubro, e o tamanho da bola lançada pela criatura nas sombras revelaram-se até então destruidoras, até quando os habitantes estariam seguros dentro de seus abrigos?
                Felícia aproxima do local da batalha e vê Auros caído, e core para ajudar o irmão, o Frenético passa sobre os dois e começa a andar em velocidade consideravelmente mais rápida, está em seus movimentos e em sua natureza que agora irá atacar a criatura misteriosa, será mais do que uma luta de criaturas, será um desastre, a cidade nunca teve que passar por essas coisas antes.
                O enorme vulto vermelho aumentava sua velocidade rumo à escuridão, da onde partiam bolas e mais bolas de fogo enormes, as quais eram rebatidas pela lâmina do Frenético. A aproximação era cada vez maior, o grande dracônico some nas sombras. Reinou um breve silêncio. Então, sons similares a pequenos grunhidos, rugidos ou algo assim, respiração profunda e algumas batidas eram ouvidas, até que o corpo do Frenético foi jogado pra fora do beco, e aos céus a criatura subiu, revelou um grande par de asas, um corpo quase humano, e não se via muita coisa mais, pois cuspiu chamas tão claras que ofuscaram a vista dos presentes, quando terminou, ele estava se virando e rumando de volta para a floresta, o Frenético Rubro deu um urro de fúria colossal e saiu correndo atrás da criatura, para além dos domínios da cidade...
                -O que era aquilo? O que foi que aconteceu?  - perguntou Lyza para Krurg.
                -Ainda não sei...              mas tenho um palpite...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Episódio 6 - Tenha Medo Do Desconhecido

                A manhã toda foi perdida na tentativa frustrada de encontrar Will, Auros estava inquieto, o faro de Felícia não localizou nada e Krurg mesmo como um caçador de recompensas habilidoso não conseguiu ir além do riacho próximo do acampamento.
                -Não há muito o que fazer, os outros grupos me informaram agora há pouco que um bárbaro foi relatado próximo à cidade, precisamos nos preparar para a batalha de hoje à noite. – alertou Auros
                -Droga, onde ele foi se meter? – resmungou Krurg – Bom, caso ele não apareça, vamos procurá-lo amanhã, precisamos de uma estratégia, o sol já está alto e as horas vão voar se não estivermos preparados.
                -Mas sou eu quem vai lutar com ele!
                O trolóide bateu a mão no ombro de Auros ,
                -A partir de agora bichano, temos um problema em comum, a partir de agora somos uma equipe.
                -Apenas fique fora da batalha contra o Crawler, a honra pelo nome de meu pai estará em jogo.
                Um plano foi montado, Felícia correu por toda a cidade naquela tarde alertando os moradores para ficarem abrigados a partir do momento que o sol tocar o horizonte, preferencialmente em seus abrigos mais seguros e porões, prometeu que aquilo não passaria do amanhecer. Auros e Lyza avisaram todos os acampamentos ao redor da cidade para que permanecessem onde estavam exceto no caso de serem atacados. Krurg ficou incumbido de cercar a entrada principal da cidade após um sinal, Felícia de aguardar no acampamento de tocaia, podendo ver a rua principal da cidade e aguardar caso Will retorna-se; e por fim Lyza ficaria na outra ponta da cidade conjurando uma barreira caso Crawler tenta-se fugir de forma covarde.
                A arapuca fora formada, o sol tocava no horizonte, Felícia acendeu a fogueira do acampamento e observou distante a cidade, portas e janelas se fechavam as pressas o cidade estava muda, apenas o vento  soprando entre as construções e a respiração de Auros no meio da rua central se destacavam. Uma luz esbranquiçada passou a se formar na saída da cidade e Krurg se “camuflava” na vegetação. Nenhum sinal de Will. A lua começava a brilhar, cheia em sua majestosa clareza, até ser encoberta por algumas nuvens.
                Uma silhueta surgira na estrada, Caminhava em passadas duras, lentas e despreocupadas, Humano. Trajava uma calça, botas, um colete e um sorriso sarcástico, era aparentemente grande e forte, era um bárbaro, era Crawler. Felícia jogou um líquido na fogueira deixando a fumaça azulada, era o sinal que o inimigo havia entrado na cidade. Lyza ao ver a fumaça gritou “Lumus Adverts” e jogou uma luz de cor avermelhada ao céu, Krurg se encontrava na entrada da cidade cercando tudo.
                Auros esperava  Crawler estático, o a aberração em sua forma humana parou de caminhar aproximadamente uns 4 metros do licantropo.
                -A cidade é tão decadente que só sobrou você e seus amiguinhos, pequeno tolo? -  Provocou Crawler.
                -Estão todos de luto pela sua morte esta noite Crawler, temos contas a acertar.
                -Não me lembro de você, provavelmente não foi meu adversário, caso contrario estaria jazendo uma cova agora.
                -MATOU MEU PAI DA ÚLTIMA VEZ QUE QUIS PROVOCAR O CAOS POR AQUI!! AGORA EU VOU VINGÁ-LO E TODOS QUE VOCÊ LEVOU COM ELE...
                -Humf! Sinceramente, a morte é tão cotidiana que não sei dizer quem matei há tanto tempo... Mas sei dizer que ele talvez não cheirasse como gato escaldado como sinto agora. Já falei demais, morra infeliz!
                Os dois se atracaram em golpes e tentativas de imobilização, rolaram pelo chão, foi uma coisa pequena, até a lua se revelar atrás das nuvens. O luar clareou a maior rua da cidade, onde o forasteiro jogou Auros com suas pernas para trás, e uivou aterrorizantemente como da última vez, rasgando suas próprias roupas e se transformando no Lobo Aberrante. Auros gritou, urrou, enfim rugiu, seu corpo metamorfoseou-se em um enorme felino, majestoso, rei dos animais, o leão.
                Uma rivalidade seria resolvida ali era um caso de vida ou morte, indo muito além das intrigas pessoais, das juras ou da compreensão humana, eram o lobo e o leão; dois inimigos naturais, levando sua guerra para outros planos de mente, de corpo, de transformação.
                O leão fez o primeiro movimento, saltou para cima do animal uivante na tentativa de morder e agarrá-lo com suas garras, porém Crawler era mais rápido, agarrou Auros pela juba e o lançou contra uma parede. O impacto foi forte que alguns tijolos caíram com a pancada. O fato de o Lobo Aberrante possuir uma postura mais ereta o ajudava em combate, isso o tornava um metamorfo excepcional. Andou na direção de Auros e ao erguer a garra aos céus para a retaliação o felino abre seus olhos e o pega de surpresa, salta acertando em cheio uma mordida no corpo do lobo aberrante que cambaleando para trás tenta se livrar do leão. Crawler não deixa por menos e arranha-o com suas garras, o rei dos animais se solta em meio a dor, os dois se encaram por alguns momentos, quando o olhar de ambos parecia vazio, suas formas transformadas lhe permitiram captar um som diferente. O grunhir da respiração de uma criatura não familiar fez ambos olharem para a entrada da cidade. O único movimento feito pelos dois foi para se esquivarem de Krurg sendo arremessado para a outra extremidade da rua quebrando com o próprio corpo a barreira conjurada por Lyza.
                Sim, aquele foi o único momento relatado que um Lobo Aberrante e um Homem-Leão foram amedrontados. Era maior que Crawler transformado, e mais imponente que Auros em sua hibridez. Andava em duas pernas, sua pele era avermelhada, seus membros avantajadamente fortes, uma cauda balançava durante seu caminhar, sua cabeça lembrava e muito um lagarto, porém mais monstruosa, ou melhor, mais dracônica. Expeliu uma pequena labareda de chamas de sua boca enquanto vinha caminhando com um olhar “sério”, focando os dois metamorfos. Felícia ao ver a chegada da criatura abandonou seu posto para tentar se juntar ao irmão em tempo; Krurg e Lyza estavam se recuperando da queda boquiabertos sobre o ser que se aproximava cada vez mais. O leão recuou, mas rugiu. O Lobo uivou , tomou espaço e saltou para cercar a criatura. A criatura nada mais fez além de olhar bem nos olhos de ambos e permanecer parada. Os rumos seriam outros a partir de agora